"Quando falta solidariedade em um país, isto é sentido em todo o mundo", disse o papa Francisco durante a 2ª Conferência Internacional em Nutrição (ICN2) da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Roma na quinta-feira (20).
O pontífice pediu aos delegados de 172 países presentes para tratarem a alimentação, a nutrição e o meio-ambiente como questões públicas globais de um momento onde as nações estão mais interligadas do que nunca.
Ele recomendou a todos a se certificarem de que suas promessas de garantir a segurança alimentar para todos os cidadãos sejam colocadas em prática, "pois o direito a uma alimentação saudável é questão de dignidade e não de caridade".
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"Apesar de haver comida suficiente para todos, questões alimentares são regularmente sujeitas a manipulações", afirma o papa, citando a corrupção, a segurança nacional e a crise econômica. "Este é o primeiro desafio que precisamos vencer", disse ele, pedindo que os direitos humanos sejam incorporados em todos os programas de ajuda e desenvolvimento.
"A luta contra a fome a desnutrição vem sendo prejudicada pela priorização do mercado e a preeminência do lucro, que reduziram a comida a algo que é comprado, vendido e sujeito à especulação", disse o papa Francisco, ressaltando a necessidade de cuidar do meio-ambiente e proteger o planeta.
O papa acrescentou que "os homens podem esquecer, mas a natureza não esquece. Precisamos cuidar da mãe Natureza para que ela não nos responda com destruição", sinalizando a próxima conferência climática da ONU em Lima (COP20) e Paris (COP21) como oportunidades para a ação.
Líderes globais aprovaram nesta semana a Declaração de Roma sobre Nutrição, listando princípios para resolver os grandes desafios atuais da nutrição e identificar prioridades para o reforço da cooperação internacional em matéria de nutrição.
Dentre os princípios estão: formas de combater a obesidade, um problema de saúde global crescente, combater as deficiências de micronutrientes que afetam 2 bilhões de pessoas em todo o mundo e assegurar o acesso de todas as pessoas a dietas saudáveis, necessárias para o desenvolvimento.
"Pela primeira vez na história, a humanidade pode dizer que a miséria não é destino e que a fome é completamente evitável", disse o diretor-geral da FAO, o brasileiro José Graziano da Silva.