Tá na cara quem está com sono acumulado: as olheiras aparecem, a pessoa fica com uma expressão cansada e bocejando. Entretanto, o que não é possível perceber com tanta facilidade é que a privação crônica e/ou a falta de qualidade de repouso prejudicam muito o organismo e o coração é uma das principais vítimas.
Isso porque, quando se está na cama, o sistema cardiovascular passa por um momento de repouso, no qual a frequência cardíaca e a pressão arterial são reduzidas e esse processo é essencial para manter a saúde do peito em ordem. Por isso, quem dorme mal tem muito mais chance de sofrer com problemas cardíacos, relação que já foi comprovada por diversos estudos.
Uma das pesquisas foi feita na EPM (Escola Paulista de Medicina) com 1.042 voluntários e mostrou que o risco é ainda maior para aqueles que sofriam com apneia, um problema que costuma estar associado ao ronco e leva a interrupções na respiração durante o sono que se repetem, no mínimo, cinco vezes durante uma hora.
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A explicação para esse quadro é simples: nos casos mais intensos, a pessoa acaba tendo uma baixa no índice de oxigênio na circulação e o sistema nervoso simpático, aquele que prepara o corpo para reagir diante de situações extremas, como medo e estresse, libera adrenalina para manter o organismo funcionando adequadamente, provocando uma contração dos vasos sanguíneos, o que, além de elevar as chances da pressão ir para as alturas, aumenta o risco de infarto, explica o cardiologista Hélio Castello.
Por isso, o fato das pessoas estarem levando uma vida cada vez mais louca, na qual as horas entre os lençóis muitas vezes perdem a vez para os mil e um compromissos do dia, o que tem se tornado um hábito para 60% dos brasileiros - sem falar no estresse, que também prejudica a qualidade do sono - contribuem para os 400 mil casos de infarto agudo do miocárdio, o nome técnico do quadro, que ocorrem por ano no Brasil e fazem com que as doenças cardiovasculares sejam as principais causas de morte no país, chegando a 300 mil pessoas.
E esse panorama tende a piorar: uma pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) estima que, em 2024, o Brasil deve ocupar o topo da lista mundial de mortes por doenças cardiovasculares. Cada pessoa tem uma necessidade individual de sono, mas a maioria dos adultos precisa repousar entre sete e oito horas diariamente da maneira adequada.
Segundo o cardiologista Marcelo Cantarelli, tomar alguns cuidados pode melhorar a qualidade do descanso, como ter horários regulares para adormecer e despertar, ir para a cama somente na hora de dormir, manter o quarto escuro e silencioso, fazer uma refeição moderada no jantar e largar os aparelhos eletrônicos quando estiver chegando a hora do descanso.