Em apenas uma pílula, segurança, atenção e concentração. Mas não é só isso: também vem a ansiedade, o estresse e a taquicardia. Todos esses são os possíveis efeitos da Ritalina, um remédio de tarja preta e uso controlado que virou mania entre estudantes.
Universitários americanos começaram a usar estimulantes como a Ritalina com a intenção de "turbinar" o cérebro e passar muitas horas - e até dias - estudando e trabalhando sem parar. A moda migrou. Aqui no Brasil, médicos contam que cada vez mais jovens têm ido a seus consultórios em busca do medicamento.
- O primeiro comprimido tem efeito narcótico. Parece até que o cérebro dá uma deslocada [risos]. Não tem jeito, você sente que está tomando alguma droga. Você não fica louco nem nada, mas fica bem mais ligado, alterado.
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É assim que a fala apressada de Márcio*, arquiteto de 28 anos, explica os efeitos da Ritalina sobre sua vida. Ele começou a tomá-la para ler com mais eficiência, fixar conteúdo e sentir-se seguro diante dos exames difíceis. Mas depois de um tempo, sua cabeça, antes motivo de orgulho, virou um tormento.
As dores eram bem fortes; a ansiedade, mais intensa; o estresse, constante. Não bastasse isso, a boca de Márcio secava muito e não sentia fome nem sono durante o resto do dia. Só quando seu coração acelerou, dentro de um carro no meio do trânsito em São Paulo, ele percebeu que deveria abandonar as três pílulas diárias que tomava.
Márcio, entretanto, faz parte do grupo que tem déficit de atenção, um transtorno que é tratado com o uso do remédio. O metilfenidato, princípio ativo da Ritalina, ajuda a lidar com o problema. A substância aumenta a atividade dos neurônios na região do cérebro ligada a concentração, atenção e outras funções. Ela dá motivação e pode servir para cumprir tarefas banais que o portador do transtorno não consegue com facilidade.
*Os nomes foram trocados a pedido dos entrevistados.
(com informações do site