A intolerância diante das diferenças ainda é um grave problema mesmo em pleno século XXI. Ainda que esse comportamento seja herança dos nossos ascendentes, a empatia e a capacidade de amar ao próximo seguem como um segredo quanto à sua origem, uma vez que existem pessoas mais sensíveis a esses sentimentos e outras não tão sensíveis assim.
Mas parece que o mistério chegou ao fim. Alysson Muotri, um neurocientista brasileiro, descobriu que essa variação comportamental pode se dever à alteração de um gene.
Para chegar a essa conclusão, o pesquisador partiu do quadro de pacientes portadores da Síndrome de Williams, a qual tem como sintomas o comportamento extremamente sociável e comunicativo, além de terem muita sensibilidade musical e boa memória auditiva. Características na aparência também são observadas, como nariz pontudo e queixo fino.
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Assim, o individualismo e preconceito tem como responsável o gene FZD9, uma vez que os pacientes com a síndrome não têm esse gene. A doença é detectada quando percebe-se que 25 genes são deletados do cromossomo 7 durante o desenvolvimento neurológico do feto.
Para o resultado, cinco pacientes portadores da Síndrome de Williams foram analisados. Desses, quatro que sofreram a perda dos 25 genes, incluindo uma das duas cópias do FZD9, mantiveram o comportamento super sociável característica do distúrbio.
Quando há falta de uma cópia desse gene, os neurônios acabam fazendo um número muito maior de sinapses que nas pessoas com as duas cópias do gene, motivo pelo qual os pacientes da Síndrome sejam tão sociáveis.
Porém, o quinto paciente - que não tinha a socialização como seu forte - continuou com as duas cópias desse gene, como é o natural para a maioria.
Portanto, Muotri chegou à questão chave para resolver o mistério do amor. "Isso nos fez concluir que esse gene contribui para o preconceito ou a intolerância. O amor pelo próximo pode ser causado por um defeito genético".
(Com informações do site Veja)