A informação divulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), na semana passada, de que até 112 dias após tomar a vacina contra a gripe A (H1N1) a pessoa pode apresentar resultado positivo no exame de HIV deixou parte da população em alerta.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, chegou a afirmar que as pessoas não devem se preocupar já que, caso o exame dê positivo, serão realizados outros métodos comprovatórios para checar se a pessoa realmente está infectada com o vírus.
Várias pessoas ligaram para o Hemobanco com o intuito de tirar dúvidas sobre a notícia divulgada pela Anvisa. E foram informadas de que o resultado falso-positivo ocorre porque a vacina induz o corpo a produzir anticorpos em ritmo acelerado. Estes anticorpos podem ser parecidos com os produzidos quando ocorre o ataque de algum vírus ao organismo. Assim, os exames mais sensíveis interpretam a existência da doença, mesmo que ela não exista.
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Casos de exame falso-positivo não ocorrem apenas em relação à vacina contra a gripe A. Segundo a enfermeira do Banco de Sangue de Curitiba (Hemobanco), Márcia Biernaski, outras situações também podem ''enganar'' os exames mais sensíveis realizados para a detecção de diferentes doenças. ''Ingestão de alimentos gordurosos, uso de determinados medicamentos, gripe e outros fatores podem provocar um exame falso-positivo'', explica. Quando isso ocorre, são realizados procedimentos que anulam ou comprovam a existência do problema de saúde.
O farmacêutico bioquímico Marcos Kozlowski explica que até a vacina da gripe sazonal (popularmente conhecida como gripe comum) pode provocar falso-positivo. ''Não só com HIV, mas também com hepatite C e HTLV (doença neurológica)''. Isso ocorre porque os anticorpos estimulados pela vacina são parecidos com os que o corpo produz nos casos das enfermidades citadas. Por isso, exames mais sensíveis podem se ''confundir'' e detectar a existência da doença.
No Hemobanco já foram registrados casos de exame falso-positivo, mas não existe um número específico de ocorrências. Nas bulas das vacinas o fabricante avisa que este efeito pode ocorrer. Por isso, já é procedimento dos laboratórios repetir os exame em todos os casos positivos. Repetindo o resultado, um exame comprovatório com outros reagentes é feito para tirar a real conclusão. Nesses exames não existe a possibilidade de haver um falso positivo.
O ministro da saúde salientou a importância das pessoas que estão dentro das faixas etárias anunciadas tomarem a vacina contra o vírus H1N1, pois não existe risco de contrair ou desenvolver doenças com a aplicação.