- "Fala sério isso é palhaçada, pessoas estão morrendo nas filas de hospitais e o povo preocupado com meditação"
- "E macumba ? Quando será liberada no SUS ?"
- "O SUS não consegue fazer o básico, vai fazer meditação? Aaaaaffffffff"
Sim, esses comentários são reais e ilustram bem a realidade das terapias alternativas no Brasil: mal interpretadas e desqualificadas. A matéria do Portal G1 sobre as novas técnicas que estarão presentes no SUS a partir deste ano causou um profundo incômodo nos leitores.
O que, de fato, não é de se espantar. Relatadas superficialmente por grande parte da imprensa, desmoralizadas pelas religiões de massa, e, consequentemente, julgadas sem o menor conhecimento pela população, as terapias alternativas sofrem com o descrédito única e exclusivamente porque não conseguem quebrar a barreira da má comunicação que se estabeleceu entre elas e o público. E, assim, século após século vemos a história se repetir. Se ontem o alvo eram as bruxas, queimadas nas fogueiras, hoje, são os procedimentos naturais e alternativos que pagam o preço da ignorância.
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Mesmo com a crescente procura pelas técnicas holísticas - só no ano passado, o SUS realizou mais de dois milhões de atendimentos - grande parte da população ainda demonstra total desconhecimento sobre os procedimentos, até mesmo quem se submete ao tratamento. Não é raro encontrar pessoas que fazem acupuntura, por exemplo, e não sabem ao certo como ela atua no organismo.
No Brasil, algumas técnicas como acupuntura, fitoterapia e homeopatia já integram o SUS (Sistema Único de Saúde) desde 2006 por meio da PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares. A partir do inicio de 2017, Reiki, meditação, musicoterapia, naturopatia, osteopatia e quiropraxia também serão oferecidos gratuitamente à população.
Ao contrário do que muito se pensa, tratamentos alternativos não tem a pretensão de ocupar o lugar do tratamento médico convencional ou substituir medicamentos. As terapias holísticas atuam na prevenção de doenças, na promoção da saúde e na qualidade de vida. Ninguém aplica Reiki para curar um câncer, mas para reintegrar aquele ser à sua essência, recuperar seu bem estar, auto-estima e motivação. Terapeutas sérios não fazem promessas de cura, pois entendem que esse processo é individual e intransferível. A função do profissional é apenas conduzir o paciente ao auto-conhecimento.
A pergunta que fica é: como mudar esse cenário? Como levar esclarecimento à população e, principalmente, promover essas terapias de modo que cada vez mais pessoas possam se beneficiar delas? Já dizia o Mestre Jesus "a verdade vós libertará". A verdade só pode chegar por um esforço constante de comunicação. Informar e informar. Quanto mais melhor. A imprensa, como formadora de opinião, tem um grande papel nessa luta dos terapeutas pelo reconhecimento de suas atividades e pela correta interpretação de cada uma dessas técnicas.
Quanto mais informação, mais conhecimento, mais credibilidade e respeito. Então, você que é terapeuta ajude a popularizar sua atividade, utilize fontes confiáveis ao replicar conteúdo na internet e, aos pouquinhos, vamos colocar as técnicas alternativas em um patamar de credibilidade e seriedade reconhecida por todos.
Anna Munhoz é Jornalista, Assessora de Imprensa e estudiosa da área alternativa e natural. Dirige a Namastê Comunicação, agência especializada em divulgar profissionais e espaços com foco na área holística, alternativa e sustentável junto à imprensa.