A exposição a laptops pode afetar negativamente a fertilidade masculina, induzindo a fragmentação do DNA e diminuindo a motilidade progressiva dos espermatozóides. Os dados são de uma pesquisa apresentada durante a 66ª Reunião Anual da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
Para realizar o primeiro estudo sobre o efeito que os computadores portáteis que recebem sinais da Internet sem fio exercem sobre os espermatozóides humanos, pesquisadores argentinos avaliaram amostras de sêmen de 15 homens.
Segundo Conrado Avendano, principal autor do estudo, as amostras foram separadas em dois grupos de incubação: uma que foi exposta a um computador portátil e recebeu um sinal Wi-Fi por 4 horas, e outra que não foi exposta ao mesmo sinal. Apesar do fato de que os dois grupos foram mantidos a uma temperatura controlada (25 ° C) para afastar os efeitos térmicos, os resultados mostraram significativos danos ao DNA e a diminuição da motilidade dos espermatozóides no grupo de espermatozóides exposto ao laptop.
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Antes da incubação, o esperma foi avaliado por parâmetros como concentração, motilidade, morfologia e vitalidade. A avaliação após incubação mostrou diminuição da motilidade espermática no grupo exposto ao laptop, aumento da imotilidade do esperma e aumento na fragmentação do DNA do esperma, comparado com o grupo de não-expostos.
"Os resultados sobre a motilidade dos espermatozóides e sobre a fragmentação do DNA levantam preocupações sobre o efeito dos laptops sobre a fertilidade masculina. Já sabemos que a motilidade dos espermatozóides e a qualidade de fragmentação do DNA são necessárias para uma fecundação normal", diz o Prof° Dr° Joji Ueno, ginecologista, diretor da Clínica GERA.
Estudos precedentes sobre o mesmo tema têm mostrado que os laptops podem reduzir a qualidade do sêmen devido aos efeitos térmicos dos computadores portáteis. "Os trabalhos anteriores mostraram que o uso de computadores laptop no colo pode aumentar a temperatura escrotal. Este ponto é muito importante porque tem sido demonstrado que o aumento da temperatura é prejudicial para a produção de espermatozóides normais (espermatogênese)", explica Joji Ueno, Doutor em Ginecologia pela Faculdade de Medicina da USP.
O estudo argentino é o primeiro a estabelecer o efeito da exposição a um computador portátil e às ondas de rádio freqüência eletromagnéticas, a partir do sinal WiFi, na qualidade do esperma, em um modelo in vitro. Avendano diz que sua próxima pesquisa irá sondar os possíveis mecanismos por trás deste efeito, para saber como neutralizar os efeitos nocivos do uso deste objeto.
"As conclusões que temos até agora representam uma bandeira vermelha em relação ao uso do laptop. Não recomendamos que pacientes, especialmente se estão em idade reprodutiva, utilizem o computador no colo", alerta o diretor da Clínica GERA (com MW-Consultoria de Comunicação).