Promover a diferenciação tributária entre os alimentos gordurosos e os alimentos saudáveis, subsidiando a compra de legumes e verduras. A proposta, inédita no Brasil, é do professor e cirurgião paranaense, Caetano Marchesini – Membro Titular da Federação Internacional de Cirurgia para Obesidade - e será apresentada a parlamentares do Paraná nos próximos dias.
"É necessário que o nosso país e os estados promovam uma reforma tributária sobre os alimentos calóricos para que possamos conter esta verdadeira epidemia que está se tornando a obesidade no Brasil", declarou Marchesini.
Segundo ele, o crescimento da obesidade entre as classes mais baixas se deve a dificuldade de acesso das famílias aos alimentos mais saudáveis como frutas e verduras.
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"O grande problema é que alimentos com baixo valor calórico precisam ser consumidos com maior frequência e em maior quantidade para saciar as pessoas e fazer com que elas percam peso. Os impostos recolhidos a mais poderiam além de subsidiar o menor preço de alimentos saudáveis, financiar campanhas educativas nas escolas".
Segundo o Bureau Norte-americano de Pesquisa Econômica, o aumento de 10% nos preços dos alimentos calóricos poderá diminuir em 8 a 9% a gordura corporal nos jovens.
Estudos das pesquisadoras do Departamento de Agricultura Norte-americano, Abigail Okrent, e da pesquisadora, Julian Alstton, da Universidade da Califórnia comparam duas opções: aumentar os impostos sobre gordura, açúcar e calorias e aumentar os impostos de maneira generalizada sobre alimentos que engordam, os chamados junk food. A conclusão foi que impostos sobre calorias teriam o melhor impacto sobre a obesidade.
No caso de países emergentes, está acontecendo a transição da nutrição, de uma dieta com alimentos básicos para uma dieta modernizada de alimentos processados e de valor calórico muito maior.
"Isso significa menos frutas e verduras, ou menos alimentos básicos como arroz e grãos, e mais gorduras, e açúcar e óleo. Estes vêm particularmente sob a forma de fast-food, refrigerantes", diz Marchesini.
Sobretaxa em outros países - No México – um dos países mais obesos do mundo – as autoridades decidiram aumentar os impostos sobre alimentos muito calóricos como os refrigerantes e outros. Estes impostos têm sido adotados em uma vasta reforma tributária afetando o segundo maior país da América Latina. Todos os alimentos que contenham mais de 275 calorias por 100 gramas foram tributados para 8 % de IVA (imposto sobre o valor acrescentado).
Na Bélgica alimentos como a manteiga, queijo, pizza, carne, óleo, azeite e alimentos processados passaram a pagar mais impostos. Na Dinamarca, alimentos que contiverem mais de 2,3% de gordura saturada também pagam mais.