Os médicos do Hospital Evangélico de Curitiba decidiram paralisar as atividades a partir do dia 12 de setembro. A decisão foi tomada em assembleia realizada na noite desta terça-feira (28), na sede do Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Simepar).
Os motivos da paralisação são o atraso no pagamento dos salários e a falta de equipamentos adequados para realizar consultas eletivas e cirurgias, o que estaria colocando em risco a vida dos pacientes.
O Evangélico é o maior hospital privado do Estado, com aproximadamente 360 funcionários, e oferece atendimento a mais de um milhão de pessoas por ano. A maior parte dos procedimentos é feita pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
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Segundo o médico Sidon Mendes de Almeida, que é dirigente do Simepar e trabalha no hospital, os profissionais não estão pedindo reajuste. "A reivindicação é que os valores a que os médicos têm direito sejam pagos e que sejam fornecidas condições mínimas para a boa prática da medicina", afirmou.
Ele disse que, durante a paralisação, serão respeitados os limites legais, com a manutenção dos serviços essenciais e de urgência e emergência.
Impasse - A decisão de entrar em greve foi tomada após longas negociações com a direção do hospital, que vem passando por dificuldades financeiras há anos.
De acordo com o presidente do Simepar, Mario Ferrari, os atrasos nos pagamentos já fizeram com que muitos profissionais parassem de trabalhar no hospital. "As dificuldades financeiras estão resultando em falta de medicamentos e insumos dos mais diversos, o que inviabiliza até a realização de procedimentos simples", explicou.
Na semana passada, o médico Rogério Kampa, conselheiro e superintendente de Saúde da Sociedade Evangélica Beneficente (SEB), que administra o Evangélico, esteve na Sede do Simepar em audiência com Ferrari. Na oportunidade, ele propôs que os valores devidos aos médicos em 2012 fossem quitados nos próximos três meses: setembro, outubro e novembro.
Sobre os valores em atraso dos anos anteriores, que representariam cerca de R$ 900 mil, ele propôs que fossem quitados em seguida, dependendo da evolução do equilíbrio financeiro do hospital.
No entanto, o Simepar alega que os valores devidos são maiores e que ultrapassam R$ 7 milhões em honorários desde 2006.
A direção da SEB disse, em nota, que essa dívida teria sido herdada das gestões anteriores e que, desde que assumiu a entidade, em março de 2012, estabeleceu um canal de diálogo direto e transparente com o corpo médico, visando à quitação dos débitos.
Segundo a entidade, uma paralisação nos serviços médicos agravará o problema financeiro e dificultará ainda mais os pagamentos.
O sindicato afirma que enviará agora comunicados ao Ministério Público Estadual, Ministério Público do Trabalho, Justiça do Trabalho, Conselho Regional de Medicina, além da direção do hospital, informando sobre a paralisação.
Em julho, os médicos do Evangélico chegaram a parar as atividades durante 48 horas como forma de protesto por atraso de salários. Na ocasião, os serviços de urgência e emergência foram mantidos.