Aos 26 anos, recém-casada, a profissional autônoma Sílvia (nome fictício) parou de tomar a pílula anticoncepcional para tentar engravidar. Depois de alguns meses de tentativa buscou auxílio médico. Feitos os exames de praxe, constatou-se estar tudo certo. Mais seis meses sem sucesso e com a menstruação irregular, ela buscou a orientação de um especialista em reprodução humana e foi então que veio o choque. Ela havia entrado na menopausa e o sonho de ser mãe ficou um pouco mais difícil.
"Outra mulher na minha família também teve menopausa precoce, mas não imaginava que poderia acontecer tão cedo comigo. Foi uma notícia horrível. Como eu tomava o anticoncepcional, meu ciclo era regulado e por isso também não sei dizer ao certo quando aconteceu. Fiz exames para saber se ainda teria algum óvulo para usar na reprodução assistida, mas infelizmente já não era possível", lamenta.
Sem óvulos próprios, a saída foi tentar a fertilização in vitro (FIV) com óvulos de uma doadora anônima. Sílvia fez duas tentativas sem resultado e por motivos pessoais, desistiu. Hoje, aos 48 anos, não pensa mais em ser mãe. "É todo um processo: preparar o útero, tomar hormônios, fazer o procedimento e por fim fazer o teste de gravidez. Acabei não indo mais atrás. Ser mãe é algo que envolve muitas coisas, cada mulher lida de um jeito com isso. Dessa forma procuro sempre avisar as mulheres da minha família o que aconteceu comigo, porque acho que é uma questão de humanidade. Na minha época, mesmo com um caso na família o médico não me disse que eu poderia congelar os óvulos. Como antigamente as mulheres tinham filhos muito cedo, pode ser que alguma outra parente tivesse o problema, mas acabamos nem sabendo", pontua.
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Renato Koike, ginecologista, obstetra e especialista em reprodução assistida explica que a menopausa precoce atinge cerca de 1% das mulheres. "A menopausa se dá entre 45 e 55 anos. Antes disso chamamos de menopausa precoce. Antes dos 30 anos é raro, o índice é de cerca de 0,1% das mulheres. Antes dos 35, de 0,25%, e antes dos 40, de 1%. O diagnóstico é sempre muito delicado e dar essa notícia exige muito tato do médico. É preciso ter muita certeza e cuidado ao dizer, afinal, é algo irreversível, com grande impacto emocional e que traz também muita ansiedade", aponta.
Segundo o médico, a menopausa é caracterizada pela falência ovariana. "Os ovários são responsáveis pela produção de hormônios e também de óvulos. Eles têm um tempo de função, que vai durar algumas décadas. Quando essa função acaba, ele deixa de produzir óvulos e então determinamos como sendo a menopausa, ou seja, a última menstruação", diz Koike.
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