Confesso que fiquei meio assustada esta semana ao me sentir diretamente envolvida em uma das polêmicas que esquentaram o debate sobre a gripe suína aqui na Grã-Bretanha.
Grávida de pouco mais de três meses, na semana passada passei quatro dias trancada em casa com suspeita da tal gripe. No meio do meu isolamento, ligo a tevê e vejo que uma grávida de 39 anos que havia contraído o vírus H1N1 morreu poucas horas após dar à luz, e que seu bebê estava em estado crítico.
Tento me acalmar e penso que a maioria das gestantes que contrai gripe suína tem sintomas leves e se recupera e uma semana. Eu, àquela altura, já estava me sentindo bem melhor e, como nem sabia se tinha a doença ou não (aqui eles não fazem mais os testes), tentei me convencer de que não havia muito perigo.
Leia mais:
Projeto de Londrina que oferece música como terapia para Alzheimer é selecionado em edital nacional
Unindo religião e ciência, casa católica passa a abrigar consultório psicológico gratuito na zona sul
'Secar' o corpo até o verão é possível, mas exige disciplina e acompanhamento
Ministério da Saúde inclui transtornos ligados ao trabalho na lista de notificação compulsória
Medo
Mas, no fundo, o medo de que o possível vírus pudesse ter feito mal ao meu bebê me acompanhou o fim de semana inteiro.
E o medo, infelizmente, não pareceu injustificado. No domingo, os jornais britânicos estamparam em suas manchetes que a morte da gestante dias antes tinha sido um alerta para o governo, que decidiu relançar todas suas orientações feitas até agora para tentar minimizar os casos da doença entre grávidas.
Consideradas parte do grupo de risco por terem o sistema imunológico mais vulnerável, elas não apenas têm mais chances de pegar qualquer gripe, como também de sofrer complicações.
Fundação recomenda adiar gravidez
A coisa cresceu quando a National Childbirth Trust, uma fundação que oferece apoio e orientações a gestantes e pais, recomendou que as mulheres adiassem os planos de engravidar até que a pandemia acabe.
O governo reagiu na hora, rebatendo que a declaração foi "exagerada" e argumentou que o momento não é de pânico, mas de precaução. Apesar de as orientações às grávidas serem relativamente simples, como evitar locais cheios e fechados e viagens desnecessárias, as autoridades não descartaram a possibilidade de recomendar que as gestantes não saiam de casa a partir do outono, quando a epidemia deverá atingir o pico.
Proteção
É difícil saber como agir nessas horas. Ao mesmo tempo em que sei que devo me proteger, quero levar uma vida normal e não cair na paranóia. Como centenas de grávidas em Londres, eu trabalho de segunda a sexta e preciso do transporte público para chegar ao emprego e transitar pela cidade. E assim pretendo continuar levando a vida.
O jeito mesmo é redobrar a atenção com a higiene. Lavo as minhas mãos o tempo todo e não saio de casa sem o gel antibactericida na bolsa. No mais, é rezar para que essa praga acabe logo. Salve-se quem puder...
(Post de Fernanda Nidecker)