Requisito dos padrões convencionais de beleza, a altura é sinônimo de boa aparência e status. Entretanto, um seleto grupo sofre pela ausência de estatura e pelas dificuldades e preconceitos enfrentados no cotidiano. Mas embora os portadores de nanismo, representados por homens com menos de 1,6m e mulheres inferiores a 1,5m, precisem conviver com os obstáculos, podem desenvolver-se socialmente como qualquer outro indivíduo, tendo a prática de atividades esportivas uma aliada para a melhora da qualidade de vida e inclusão social.
A doença acomete menos de 1% da população e pode ocorrer em qualquer pessoa, mesmo sem histórico na família. Segundo o Dr. Evandro de Souza Portes, vice-presidente da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, as causas são diversas. "Distúrbios no desenvolvimento ósseo, como no caso de pacientes com a acondroplasia, isto é, doença que afeta os ossos e sua cartilagem, pessoas com deficiências hormonais, além da baixa estatura secundária, ou seja, a desnutrição, que pode começar até mesmo dentro do útero materno", afirma.
Ainda que a média gire em torno de 1,5m de altura, existem casos extremos onde a estatura final fica apenas alguns centímetros acima de um metro. "Toda criança deve ter seu crescimento acompanhado desde o período intra-útero. Existem gráficos de crescimento onde podemos anotar a altura de uma determinada criança e compará-la com as da mesma idade e sexo. Aquelas que crescem na faixa do primeiro percentil, ou abaixo dele, obrigatoriamente devem ser avaliadas para descartar qualquer doença que possa estar comprometendo o crescimento e o desenvolvimento normal", ressalta o Dr. Evandro de Souza Portes.
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O diagnóstico pode ser feito desde o nascimento. Estatura desproporcional ou muito baixa, face plana e encurtamento dos membros são indícios dos portadores do nanismo. Exames que avaliem o atraso na idade óssea e sua constituição podem confirmar a doença, como é o caso da ultrassonografia, em que é possível detectar a partir do quinto mês de gestação.
Baseado em hormônios de crescimento ou procedimentos cirúrgicos, o tratamento deve ser acompanhado pelos médicos para evitar complicações futuras. Em muitos casos, o acompanhamento é feito por uma equipe multiprofissional, formada por psicólogos, ortopedistas, pediatras e neurologistas que oferecem apoio aos portadores de nanismo.
Problemas psicológicos e expectativa de vida
Bullying na escola ou no ambiente de trabalho podem resultar em sérios problemas e transtornos psicológicos. "Vivemos em uma sociedade que valoriza muito a estética, que considera que os mais altos são mais bonitos e bem sucedidos", diz o Dr. Evandro de Souza Portes. Ele também afirma que as pessoas de baixa estatura sofrem com desigualdades em diversos bens públicos e de consumo. "A infraestrutura e os bens de consumo não são adaptados aos mais baixos, por exemplo, os banheiros e telefones públicos".
A baixa estatura acomete os dois sexos de maneira semelhante. Segundo o especialista, até hoje não está claro se realmente uma pessoa com baixa estatura vive menos que a população em geral, "principalmente agora que foram identificados diversos tratamentos específicos e medidas que visam dar melhores condições de vida a esta população", salienta o médico, enfatizando que a genética tem avançado nesta área em relação à identificação dos genes causadores do nanismo.
É importante que a família leve suas crianças ao pediatra e este avalie a estatura em todas as consultas. "O acompanhamento de um profissional é essencial para diagnosticar se o crescimento está dentro da faixa ideal. Se não estiver, exames terão que ser realizados para que a terapêutica adequada seja instituída", conclui.
Itabaianinha
A cidade de Itabaianinha, localizada no interior do estado de Sergipe e a 120 quilômetros da capital Aracaju, se destaca pelo grande número de indústrias têxteis, porém, o município ganhou notoriedade por ser reconhecida como uma cidade onde existe uma alta prevalência de baixa estatura. Um a cada 300 habitantes é portador desta doença. A causa para este número expressivo é genética e passa de geração em geração. Entretanto, como a deficiência que eles apresentam é do hormônio de crescimento, os jovens estão atingindo uma altura maior do que de seus pais e avós, por estarem sendo tratados com a reposição deste hormônio.