Gastrectomia vertical melhora a qualidade de vida do indivíduo que sofre de obesidade mórbida, reduzindo as complicações pós-operatórias, como o risco de desnutrição e carências de vitaminas. O tema foi debatido durante o Congresso Mundial de Obesidade, em Paris.
Quem sofre com a obesidade mórbida encontrou na cirurgia bariátrica uma técnica importante para ajudar na redução drástica de peso. Mas, ao mesmo tempo, a pessoa que já passou por esse tipo de procedimento enfrentou um processo difícil após a cirurgia, como dieta altamente restritiva, náuseas, vômitos, carências de vitaminas e desnutrição. Mas, a evolução da medicina acena com novas perspectivas para esses pacientes.
Durante o 14º Congresso Mundial de Cirurgia da Obesidade, que aconteceu no mês passado em Paris, foi amplamente discutida a Gastrectomia Vertical, "técnica cirúrgica que retira parte do estômago que produz a grelina, hormônio que estimula a fome, reduz o estômago em cerca de 70% do seu tamanho e promove a redução de até 30% do excesso de peso", explica Dr. Vladimir Schraibman, especialista em cirurgia geral e gastrocirurgia.
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"A tendência mundial na área de cirurgia bariátrica é a de oferecer mais qualidade de vida ao paciente. O uso da banda gástrica, um cinto para apertar o estômago e restringir a entrada de alimentos, ou do balão, estão em desuso no mundo inteiro, inclusive no Brasil, pois são técnicas associadas à muitas complicações", informa Dr. Vladimir.
Menos sofrimento e fome
Na gastrectomia vertical, se reduz o estômago em até 70% do seu tamanho. O órgão fica com 300 a 200 ml, dependendo do perfil do paciente, e com forma parecida com a de uma "banana". Nessa redução, se retira parte do fundo gástrico, região que produz o hormônio grelina, responsável pela sensação de fome.
"Os estudos mostram que com esse novo procedimento, os efeitos colaterais, como náuseas e vômitos, diminuem. A cirurgia não envolve o intestino, por isso a absorção de nutrientes dos alimentos se mantém, evitando-se as deficiências nutricionais, de minerais ou de vitaminas", revela o médico.
A cirurgia bariátrica pela técnica da gastrectomia vertical também é benéfica para pessoas obesas que sofrem de diabetes. "O tempo do trânsito alimentar cai para cerca de 15 minutos, dependendo do tipo de alimento, diminuindo a absorção dos açúcares", explica o especialista.
Redução de 30% do excesso de peso e vida normal
Apesar de já ser realizada há alguns anos de forma discreta, somente no congresso é que ela foi apontada como uma técnica mais adequada para combater a obesidade mórbida em pacientes que precisam reduzir até 30% do excesso de peso. Mesmo que a perda de peso não seja a ideal, a pessoa poderá chegar às suas metas com acompanhamento nutricional e atividade física.
Após a operação pela técnica da gastrectomia vertical, o paciente ficará, em média, de 2 a 3 dias no hospital. A dieta alimentar pós-cirúrgica é igual a dos demais procedimentos: durante os primeiros 10 dias, dieta líquida; do 11º ao 20º dia, dieta cremosa; do 21º ao 30º dia alimentação pastosa; e após 30 dias, o paciente volta a comer normalmente.