Um estudo publicado por pesquisadores do Hospital Universitário de Copenhaguen, na Dinamarca, comprova que o tempo de vida fértil da mulher está associado com a idade da mãe no momento da menopausa.
Liderada pela médica Janne Bentzen, a pesquisa envolveu 527 mulheres com idade entre 20 e 40 anos. A quantidade de óvulos com potencial reprodutivo foi avaliada por ultrassom transvaginal e pela medição dos níveis do hormônio AMH, antimulleriano.
"Trabalhamos com a hipótese de que fatores maternos também podem ter um impacto sobre o potencial reprodutivo de uma mulher em termos de reserva ovariana. Nas pacientes com mães que entraram precocemente na menopausa, os níveis de AMH eram menores, assim como suas reservas ovarianas."
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Na opinião de Assumpto Iaconelli Junior, especialista em medicina reprodutiva, esse tipo de estudo é importante, principalmente, para melhor orientação das pacientes e para definir a melhor forma de tratamento, levando em conta a relevância das técnicas de reprodução assistida. "No que se refere à aparência, hoje as mulheres parecem bem mais jovens do que a idade que consta em seus documentos. Entretanto, isso não acontece com seu aparelho reprodutivo. Ou seja, os óvulos envelhecem e sua reserva ovariana vai diminuindo rapidamente depois dos 30 ou 35 anos. Daí a importância de, além de não adiar muito os planos de gravidez, a paciente buscar ajuda especializada para avaliar bem sua reserva ovariana, principalmente quando fatores hereditários apontam para a menopausa precoce."
O especialista diz que a identificação de pacientes com reserva ovariana reduzida permite a individualização e melhor escolha do protocolo de tratamento, a fim de evitar frustrações e impactos negativos tanto em nível financeiro quanto emocional no casal. "Atualmente, a dosagem do hormônio antimulleriano (AMH) tem se mostrado o melhor fator isolado para analisar a reserva ovariana. Mas, como a contagem de folículos antrais pode ser realizada durante um ultrassom pélvico de rotina na investigação da infertilidade, continua sendo útil. Vale ressaltar que outros parâmetros devem ser levados em conta, como a idade da paciente e a dosagem do hormônio folículo estimulante (FSH), entre outros. E há fatores externos que também contribuem para esse declínio da fertilidade, como o fumo, o uso de drogas recreativas e álcool em excesso."
Uma coisa é certa: quanto maior a idade da mulher ao tentar engravidar pela primeira vez, maior também poderá ser o tempo que levará para conseguir. Alguns estudos determinam que o declínio da fertilidade feminina começa por volta dos 32 anos, havendo uma queda dramática depois dos 37 anos.
"Independentemente da idade em que a mãe entrou na menopausa, a taxa mensal de fecundidade em mulheres entre 20 e 30 anos gira em torno dos 25%. Depois dos 35 anos, cai para menos de 10%. Com a perda progressiva dos oócitos, depois dos 40 anos a mulher apresenta um forte declínio da função reprodutiva. Uma avaliação criteriosa ajudará, inclusive, a definir o melhor tratamento de reprodução assistida. Geralmente, a fertilização in vitro (FIV) tem bons resultados na maioria dos casos", completa o médico.