Os brasileiros estão cada vez mais vaidosos. Só em 2018, segundo a Brasnutri (Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais e Alimentos para Fins Especiais), o setor de suplementos e alimentos para fins especiais registrou faturamento de R$ 2 bilhões, o que representa 8,5% a mais do que no ano anterior.
Para 2019, a expectativa é encerrar o ano com crescimento acima de 11%. Um dos suplementos que tem conquistado cada vez mais adeptos são os chamados suplementos vitamínicos. Vendidos em cápsulas e em pó, muitos são indicados para evitar a queda de cabelo, para favorecer o fortalecimento das unhas, para a melhoria do bem-estar geral e para o ganho de energia nas academias.
Apesar dos benefícios que são oferecidos, o uso de alguns suplementos de forma inadequada ou com doses que ultrapassam o recomendável podem causar alguns efeitos indesejados, como alteração de resultados de exames, como é o caso da Biotina. Conhecida também como vitamina B7, ela atua na formação da pele, das unhas e do cabelo, na utilização dos hidratos de carbono e na síntese de ácidos graxos.
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"O problema é que a Biotina que é vendida nas farmácias possui doses que podem ultrapassar 600 mg por dia, sendo que o Institute of Medicine, dos Estados Unidos, afirma que a ingestão adequada é de 35 a 70 μg/dia”, explica Rafael Padovani, biomédico do Laboratório Rocha Lima.
A ingestão da Biotina em doses que ultrapassam o indicado pode acarretar em alterações em resultados de exames. "O problema é que muitos pacientes consideram a Biotina como um suplemento alimentar e ignoram esta importante informação quando perguntamos sobre utilização de medicamentos no momento do seu cadastro no laboratório e isso pode alterar os resultados dos exames”, ressalta Padovani.
Na alimentação humana, as Biotinas provem principalmente da gema de ovo, do fígado, dos rins, de nozes, de cereais integrais e de alguns vegetais. O suplemento de Biotina em doses que variam de duas a 15 mg/Kg/dia é indicado no tratamento de algumas doenças genéricas raras, como deficiência da enzima biotinidase, doença mitocondrial neonatal e doenças dos gânglios da base responsiva e tiamina.
"O avanço da tecnologia tornou os equipamentos analíticos muito precisos e exatos, somado ao rigor de uma certificação de Acreditação pelo PALC – Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos, podemos afirmar, sem sombra de dúvida, que a maioria dos resultados incoerentes e de difícil interpretação podem ser atribuídos a interferentes exógenos, como esses suplementos”, finaliza o biomédico.