HIV 36 anos

Soropositivos indetectáveis não transmitem HIV a parceiros sexuais, afirmam pesquisas

29 nov 2017 às 19:37

A informação não é nova, mas só ganhou impulso neste ano. Pessoas que vivem com HIV, mas que estão com carga viral indetectável, não transmitem o vírus sexualmente. Isto significa que casais sorodiferentes, quando uma pessoa tem HIV e a outra não, podem até abrir mão do preservativo, para ter filhos de maneira natural, sem que haja transmissão do vírus. O fato está baseado em diversas pesquisas científicas realizadas na última década e é a base de apoio da campanha internacional Undetectable = Untransmittable (Indetectável = Intransmissível), que ganha atenção especial neste 1º de dezembro, Dia Mundial de Combate ao HIV/Aids. Essa novidade, porém, ainda causa apreensão entre alguns médicos brasileiros.

A única maneira de se alcançar a carga viral indetectável (até 40 cópias do vírus por mililitro de sangue) é por meio do tratamento com antirretrovirais, oferecidos de graça no Brasil. Se tomar o remédio corretamente, o soropositivo pode alcançar esse status em até seis meses, de modo geral. Para mantê-lo depois, basta não interromper o tratamento e fazer os exames periódicos para monitoramento. Isto evitará que a pessoa desenvolva Aids, como é sabido há muito tempo, e impedirá, segundo as pesquisas, que transmita o vírus aos parceiros sexuais. Não se trata da cura ainda, mas a informação é tratada como revolucionária por estudiosos e ativistas.


Se o tratamento é tão efetivo, a ausência dele é sinônimo de preocupação. Sem tomar os medicamentos corretamente, o soropositivo permanece detectável, com milhares ou milhões de cópias do HIV por ml de sangue; pode tornar o vírus resistente e transmiti-lo a outras pessoas em relações sexuais desprotegidas; e desenvolver a Aids, tornando o organismo vulnerável a doenças oportunistas, que podem levar à morte. Além disso, se o tratamento bem sucedido dispensa o uso de preservativo em relação ao HIV, não protege contra outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como sífilis, gonorreia, herpes genital etc – por isso, o uso da camisinha continua fundamental.


"A gente repassa isso ao paciente com as devidas orientações, no sentido que isso vale para o HIV. Então, uma vez que você tem relação sexual sem preservativo com outros parceiros, o risco de se contaminar com outras doenças, como a sífilis, se torna possível", afirma a médica infectologista Ana Cristina Medeiros Gurgel.


A partir deste ponto, o leitor pode traçar o seu próprio percurso de navegação neste especial sobre HIV do Portal Bonde. Boa leitura!



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