Em pleno Agosto Dourado, que é o mês dedicado para a intensificação das atividades de promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, o Banco de Leite do HU (Hospital Universitário de Londrina) está com estoque baixo.
"O ideal para suprir as crianças internadas seria de 150L a 200L por mês. Estamos com estoques abaixo do que é preconizado, e este ano tem sido difícil para nós por mais que haja campanhas de divulgação", comenta Letícia Lima Colinete Costa, enfermeira coordenadora do Banco de Leite do HU de Londrina. "Para se ter uma ideia, do começo do ano até o mês de julho, conseguimos, em média, a doação de 109L por mês. Em julho, foram apenas 84L", relata.
"O que muitas mães muitas vezes não sabem é que, mesmo que seja uma doação de volume pequeno, já faz a diferença. Que sejam 20mL coletados por dia durante uma semana, já ajuda muito", pontua.
Leia mais:
Pimenta diz não ver necessidade por ora de afastamento de Lula da Presidência após cirurgia
Com 1.176 casos de dengue, regional de Londrina lidera registros de dengue no Paraná
Lula evoluiu bem à cirurgia, está estável e conversa normalmente, dizem médicos
'Presidente encontra-se bem', diz boletim médico após cirurgia de Lula
O Banco de Leite Humano do HU recolhe o leite doado e entrega já pasteurizado para ser utilizado no HU, hospital Infantil, Evangélico, hospital do Coração Unidade Bela Suíça, Maternidade Municipal e Santa Casa de Cornélio Procópio (Norte Pioneiro). Em todas essas unidades, há pontos de coleta.
"O Banco de Leite atender cerca de 600 crianças por mês. O leite, prioritariamente, vai para atender os bebês que estão em UTI (Unidade de Terapia Intensiva), prematuros, com baixo peso ou os dois", afirma a coordenadora. "Nós procuramos atender as crianças que nasceram a termo, mas nem sempre é possível".
Doação que faz a diferença
A médica Milene Yuri Nagata Kawanishi Aranda Lopes tem dois filhos - Rafael, de 4 anos, e Guilherme, 9 meses - e é uma das doadoras do Banco de Leite Humano do HU. "Eu me formei na UEL (Universidade Estadual de Londrina) e já tinha ouvido falar lá no HU sobre o Banco de Leite", lembra.
"Doei no meu primeiro filho desde alguns meses, não me lembro exatamente quanto, mas doei até ele ter 1 ano e 4 meses. Aí parei, porque a produção de leite diminuiu com o tempo e ele também ainda mamava. Depois, comecei a doar de novo no segundo filho, desde o primeiro mês de vida dele", conta.
Segundo a médica, "é muito gratificante saber que estou ajudando outros bebês, com leite e anticorpos.
Meu filho mais velho diz: 'mamãe, esse leitinho é pros bebezinhos que não têm leite, né?' Até pra ele já é uma experiência legal de ver, porque já está aprendendo sobre doação também", frisa a médica.
"Eu uso uma bomba elétrica para extrair o leite. Vou acumulando e congelando. Toda semana o pessoal do banco de leite vem buscar o frasco com o leite armazenado congelado", aponta.
A médica conta que já aconselhou várias amigas a doar. "Quanto mais o bebê mama ou quanto mais extraímos na bomba, estimulamos mais produção de leite. Lógico que, se a produção for muito baixa, melhor deixar para o seu bebê, né? Mas se seu bebê estiver sendo bem alimentado e achar que dá pra tirar um pouquinho que seja pra doar, pode ficar tranquila que seu corpo vai produzir mais!", acrescenta a mãe.
"Um bebê recém-nascido mama de 5 a 7 mL. É tão pouquinho. Às vezes, a gente acha que o tanto que temos pra doar é pouco, mas mesmo esse pouco já alimenta vários bebês! Se forem prematuros então, são muitos bebês alimentados! Leite é vida pra eles", esclarece.
"Acho que devia ser mais divulgado esse serviço. Muitas pessoas não sabem como é fácil. O banco de leite vem na sua casa, é super prático. E ajudamos tantas vidas sem precisar fazer tanto esforço", destaca.
Como doar
Além dos pontos de coleta nas unidades hospitalares, a mãe que tiver interesse em se tornar doadora pode ligar para o Banco de Leite pelo (43) 3371-2390 ou acessar o instagram @bancodeleitehulondrina. O link da bio abre uma página de pré-cadastro de doadora.
"Deve-ser preencher uma ficha com informações pessoais, são solicitados os exames do pré-natal para serem avaliados para saber se ela tem condições de doar e depois passa por avaliação médica. Estando apta, uma equipe multidisciplinar vai até a a casa da doadora com um kit contendo frasco estéril, gorro, máscara, para fazer a orientação. Ao longo de uma semana, ela vai coletando o leite diariamente e armazenando no frasco preparado no freezer", detalha. Depois de uma semana, combina-se um horário para a coleta do leite e a equipe deixa mais material se ela tiver interesse em continuar a doação. Ou seja, ela não precisa sair de casa nem para se candidatar nem para fazer a doação".
As equipes do Banco de Leite do HU abrangem Londrina, Ibiporã e Jataizinho - ambas na RML (Região Metropolitana de Londrina). Em Cambé e Rolândia, também na RML, há postos de coleta específicos para captação, um serviço intermediário de bastante qualidade.
Onde doar
Nas unidades hospitalares atendidas pelo Banco de Leite: HU, hospital Infantil, Evangélico, hospital do Coração Unidade Bela Suíça, Maternidade Municipal e Santa Casa de Cornélio Procópio.
Rolândia - Unidade de Coleta - Aleitamento Materno e Orientações Unicoamor (43) 3906-1142
Cambé - Unilac - Unidade de Lactação (43) 3174-0235
Consultoria de amamentação
Você sabia que o Banco de Leite também tem outros atendimentos?! "Para além da doação, temos um serviço que faz atendimento das mulheres com dificuldade de amamentação, faz a consultoria desde gravidez, com uma equipe técnica especializada com vários profissionais, orientações. E a gestante pode passar pelo atendimento sem ser doadora, não é obrigatório", detalha a enfermeira. "Estimulamos o aleitamento e, muitas vezes, por consequência, conseguimos a doação das mães que acompanham o trabalho e se sensibilizam".
"Esse público que recebe (o leite materno) são crianças que também têm mães que queriam estar com os filhos em casa e, por mais que se esforcem, toda situação de internação e saúde de parto prematuro influenciam na produção de leite. Com a certeza de o filho poder receber o melhor alimento, que é o leite humano, cresce a esperança de recuperação, já que o bebê que se alimenta de leite materno tem tempo menor de internação, menos risco de infecção. O pensamento é de mãe para mãe, ajudando outra mãe também", destaca a coordenadora. "Costumo dizer que a gente alimenta o bebe com nutrição e mãe com esperança".
35 anos
Em novembro, o Banco de Leite do HU completa 35 anos e está preparando uma grande comemoração. Para festejar a data, o pessoal está em busca das pessoas que já foram beneficiadas de alguma forma com a doação de leite para contar essas histórias dessa trajetória. Contribua e espalhe essa iniciativa. Saiba mais no Instagram: