Uma técnica descoberta por médicos brasileiros poderá definir quais os pacientes com maior risco de desenvolver o acidente vascular encefálico (AVE) ou derrame cerebral. Uma regulagem específica no aparelho de ressonância magnética permite identificar imagens de microemorragias, ou pequenos sangramentos, que aparecem como um sinal de alto brilho e denunciam a possibilidade de derrame cerebral. Com a nova técnica, o AVE deixa de ser imprevisível.
O coordenador da pesquisa e cirurgião cardiovascular do Hospital São Lucas, da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Porto Alegre, Luciano Cabral Albuquerque, explicou que na artéria com placa de gordura podem ocorrer, repentinamente, as microemorragias, que fazem com que a placa inche, se rompa, produza a formação de um coágulo, provocando o derrame cerebral.Segundo ele, esse processo poderá levar horas, dias ou poucas semanas, ocasionando até a morte.
"Essas áreas de microemorragia são um indício de que o paciente está prestes a ter um derrame cerebral. Essa imagem unida ao resultado do exame de sangue chamado Proteína C Reativa é capaz de identificar com 98% de precisão aqueles pacientes que têm doença carótida e que estão na iminência de desenvolver um derrame cerebral".
Leia mais:
Pesquisa aponta que 29% dos brasileiros têm algum medo com relação às vacinas
Uma a cada dez mortes no Brasil pode ser atribuída ao consumo de ultraprocessados, diz Fiocruz
Estados brasileiros registram falta ou abastecimento irregular de, ao menos, 12 tipos de vacinas
Saúde do homem é tema de live com médicos londrinenses em novembro
O médico acrescentou que a nova técnica é aplicada em aparelhos tradicionais de ressonância magnética instalados em hospitais de todo o Brasil, inclusive nos credenciados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
"Essa técnica não gera custos adicionais à técnica tradicional; ela pode ser aplicada por uma simples regulagem no aparelho; não há riscos para os pacientes e pode ser oferecida a doentes do SUS".
Albuquerque disse que a técnica aplicada aos pacientes que têm placas de gordura nas artérias carótidas (principais artérias do pescoço e da cabeça, que alimentam o cérebro) também leva em conta o histórico familiar de derrame, as doenças que atingem o coração, como diabetes e colesterol alto. Ele salientou que todos esses fatores associados ao fumo, ao sedentarismo e à obesidade também podem produzir placas de gordura e causar o derrame cerebral.
O médico disse ainda que a avaliação deve ser incluída nos exames de rotina com o cardiologista. Pacientes homens com mais de 40 anos, mulheres após a menopausa e pacientes com histórico familiar para doenças do coração devem ser submetidos a avaliações regulares das carótidas.
Dados do Ministério da Saúde mostram que o derrame é causa líder de morte, ultrapassando o infarto do miocárdio. Atualmente, cerca de 30 mil pessoas morrem por ano, no país, vítimas da doença, e 30 mil sobrevivem com deficiências físicas e mentais. De acordo com o ministério, a nova técnica ainda será analisada para a aplicação nos hospitais credenciados pelo SUS.
As informações são da Agência Brasil.