"A altura dos brasileiros encontra-se abaixo do potencial,porque as condições de vida existentes estão longe dos níveis satisfatórios". Esse é um dos argumentos que constam no estudo "Crescimento e Desigualdades de Altura no Brasil", que compara as condições socioeconômicas da população com sua estatura.
O estudo, realizado pelo professor e coordenador do Núcleo de Estudos de Política Monetário do Ibmec, Claudio Shikida, em conjunto com o pesquisador do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Leonardo Monasterio, e o professor da UnB (Universidade de Brasília), Luiz Noguerol, constatou que os mais abonados são mais altos.
Para chegar a essa conclusão, os professores utilizaram dados da POF (Pesquisa de Orçamento Familiar) de 2003. "Trabalhando sobre essa amostra, verificamos que, mesmo controlando as diferenças de cor e de regiões do Brasil, mantém-se sempre uma diferença de aproximadamente seis centímetros entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres", explicou, por meio de nota, o coordenador do Ibmec.
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Segundo os pesquisadores, o resultado reforça a tese de que "há um forte efeito da renda sobre a altura dos indivíduos". Para eles, é clara a relação entre a estatura e a qualidade de vida. "Em situações que seja necessário avaliar as carências econômicas e sociais da população, a estatura pode ser mais uma dimensão pertinente", sugerem no estudo.
Renda x altura
A diferença de altura encontrada entre os mais e menos abonados pode ser explicada, segundo o estudo, por fatores econômicos de desigualdade de renda e PIB (Produto Interno Bruto) per capita do estado brasileiro onde o indivíduo morou durante a infância.
"Mesmo considerando-se a estimação [da altura] por variáveis instrumentais, pode-se argumentar que a qualidade de vida do indivíduo depende de fatores como a desigualdade de renda ou a renda de sua família na época da infância", ressaltam os pesquisadores no estudo.
Esses fatores acabam tendo efeitos sobre a alimentação das pessoas, o que também influencia na estatura dos indivíduos. "Uma boa nutrição na infância está associada à altura das pessoas de forma positiva", afirmou Shikida. "Sendo a nutrição um fator condicionado, dentre outros, pelas condições econômicas dos pais de uma família e do ambiente socioeconômico em que vivem, tem-se a ligação da biologia com a história econômica".
Dessa forma, a pesquisa aponta que os estados que apresentam maiores níveis de desigualdade de renda tenderiam a apresentar maiores diferenças de altura entre a população.
"A desigual distribuição de renda e do acesso aos serviços de higiene e saúde, responsável pelas diferenças de altura, também gera uma adicional carga sobre os mais pobres, justamente os que contam com menos recursos para comprar medicamentos, alimentos e pagar por tratamentos de saúde", afirmam os pesquisadores no estudo. (Fonte: InfoMoney)