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Armadilhas

Químicos de novos repelentes devem confundir mosquitos

BBC Brasil
02 jun 2011 às 08:06

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- BBC Brasil
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Pesquisadores americanos desenvolveram produtos químicos que atrapalham a habilidade dos mosquitos de cheirar os humanos e que podem servir para criar repelentes mais eficientes.

Os estudos foram publicados no periódico especializado Nature.

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Um especialista britânico comentou que as descobertas podem significar um "grande passo adiante", caso os químicos sejam seguros à saúde humana e baratos.

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Mosquitos fêmeas usam o gás carbônico exalado pelos humanos para escolher suas próximas vítimas.

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Os insetos são capazes de detectar mudanças rápidas na concentração do gás e identificar suas origens.


Essa informação já havia servido para a criação de armadilhas para os mosquitos, usando gelo seco ou cilindros de gás que emitem CO2. No entanto, por serem caras, raramente são usadas em países em desenvolvimento.

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Os pesquisadores vinham procurando alternativas químicas que pudessem atrapalhar ou confundir o senso de percepção dos mosquitos com relação ao CO2.


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Agora, cientistas da Universidade da Califórnia em Riverside testaram químicos com cheiros em três espécies de mosquitos: Anopheles gambiae, que transmite a malária; Culex quinquefasciatus, que causa elefantíase e o vírus do oeste do Nilo (o qual desencadeia problemas cerebrais); e o Aedes aegypti, que dissemina a dengue e a febre amarela.


Juntos, esses insetos infectam em média 500 milhões de pessoas por ano no mundo, causando milhões de mortes.

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Os pesquisadores identificaram três grupos químicos que atrapalham os mosquitos na hora de identificar o gás carbônico.


Um dos químicos imita o CO2 e pode ser usado como isca para armadilhas; o segundo impede que o mosquito identifique o CO2; e o terceiro grupo "engana" o mosquito, fazendo com que seu cérebro pense que está cercado por grandes quantidades do gás – assim, o inseto não sabe qual direção seguir.

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O professor Anandasankar Ray, da Universidade da Califórnia, disse que "os químicos oferecem uma poderosa vantagem como ferramentas potenciais para reduzir o contato dos mosquitos com os humanos e podem levar ao desenvolvimento de novas gerações de repelentes".


"A identificação dessas moléculas de odor - que podem funcionar até mesmo em baixas concentrações e são, portanto, econômicas – pode ser muito eficiente em comprometer a habilidade dos mosquitos em identificar humanos, ajudando, assim, a controlar a disseminação de doenças transmitidas (pelos insetos)."

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Outros atrativos


O CO2 não é a única forma pela qual mosquitos encontram suas vítimas – o cheiro do suor e da pele dos humanos também pode ser usado para esse propósito.


O médico James Logan, da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, explica que "ainda que o estudo (californiano) seja animador, os autores ainda têm de mostrar que os químicos são capazes de evitar que os seres humanos sejam mordidos (pelos mosquitos)".


"Ao mesmo tempo em que o CO2 é um importante atrativo aos mosquitos, sabemos que os insetos respondem de maneira distinta a uma armadilha de gás carbônico e a um ser humano de verdade, que libera uma complexa mistura de químicos atraentes, calor, dicas visuais e umidade. A questão é: será que odores (como os descobertos) podem de fato proteger as pessoas?"


Os pesquisadores dizem que o próximo passo será desenvolver químicos que não causem riscos à saúde humana.


O médico Nikolai Windbichler, do Imperial College, em Londres, diz que ainda há trabalho a fazer para garantir que os químicos sejam seguros e possíveis de serem produzidos a um custo reduzido.


"Esses componentes têm propriedades novas e desejáveis, porque podem confundir os mosquitos mesmo quando a substância não está mais presente ou quando o mosquito já deixou a área onde ela foi aplicada", conta o médico.


"Isso pode ser um grande passo adiante e pode proteger grandes grupos populacionais em áreas vastas, algo que não é viável atualmente com os repelentes existentes."

Mark Stopfer, dos Institutos Nacionais de Saúde dos EUA, disse que o estudo californiano é "promissor".


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