O povo brasileiro vai entrar em cena em ''Duas Caras'', que, a partir de segunda-feira (01), vai substituir ''Paraíso Tropical''. A nova novela de Aguinaldo Silva será baseada em histórias inspiradas na vida de pessoas comuns - muitas delas vieram de notícias dos jornais.
Além disso, terá um núcleo ambientado na favela fictícia Portelinha, no Rio de Janeiro. ''É uma novela urbana sobre a necessidade de mudar. As pessoas estão sempre em mutação, embora não percebam esse processo. Quero falar de conflitos existenciais; os confrontos sociais estão intrínsecos à trama. Percebi que, em diversos filmes, a favela é retratada somente pela ótica da violência. Sinto falta dos trabalhadores. Quero mostrar uma favela onde as pessoas sejam humanas'', define o autor Aguinaldo Silva.
A comunidade de Portelinha foi inspirada em Rio das Pedras, uma favela carioca horizontal, e custou cerca de R$ 3 milhões. É a primeira vez que a Globo investe na construção de um cenário desse tipo. O que não representa a estréia das favelas na emissora carioca. O próprio Aguinaldo Silva já havia colocado uma comunidade carente em ''Senhora do Destino''.
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''Foi a primeira. Não era o núcleo principal da novela, mas houve uma certa estranheza. Mas eu não só fiz uma novela que se passava na Baixada Fluminense como também coloquei uma favela. Depois disso, as favelas se tornaram ostensivas no Rio, e é claro que uma novela das oito que se passe no Rio contemporâneo tem de ter favela'', diz, rebatendo qualquer semelhança entre Portelinha e o morro do Torto, da novela ''Vidas Opostas'', que antecedeu ''Caminhos do Coração'', na Record.
As semelhanças entre as duas comunidades realmente não são tão evidentes. Ao contrário do morro do autor Marcílio Moraes, Portelinha não será dominada pelo tráfico. Na primeira das três fases de ''Duas Caras'' - a trama se passa em algum período entre as décadas de 80 e os dias atuais -, Juvenal Antena (Antônio Fagundes) comandará a invasão do terreno em que se formará a favela. Depois, vai se tornar mentor de todos os que moram nela.
Na segunda fase, o líder comunitário entrará em conflito com o afilhado Evilásio (Lázaro Ramos). ''Ele não é o típico herói de novela porque seu personagem é o que age, não espera que as pessoas resolvam. Ele tem auto-estima, tem atitude'', diz Ramos. Além de disputar o poder com o padrinho, Evilásio viverá um amor que promete gerar polêmica. Ele vai se apaixonar por Júlia (Débora Falabella), uma aspirante a cineasta que vai fazer um documentário em Portelinha.