A participação do Londrina no Brasileiro da Série D nos proporcionou a oportunidade de conhecer um pouco sobre clubes que não fazem parte do nosso cotidiano no futebol do Paraná. E a chance de fazer uma comparação com a nossa realidade.
O Londrina enfrentou clubes mais tradicionais, no mesmo patamar e menos conhecidos. Passou por cidades maiores, menores, mais ricas e mais pobres que Londrina. E o que foi possível constatar é que a nossa estrutura, não de time de futebol, mas de clube, perde para quase todas.
A estrutura que temos hoje em Londrina é da década de 90. O Londrina ficou parado por 15 anos, até a chegada da SM Sports em 2011. E ficamos para trás. Esse período de paralisação agora cobra o seu preço.
Mesmo comparando com equipes que estão na série D, o Londrina perde em estrutura de estádio, comunicação com seu torcedor, divulgação da sua marca, relacionamento com parceiros e patrocinadores e tantos outros aspectos.
O futebol hoje é um negócio. E para se ter sucesso é preciso geri-lo como tal. Profissionalizar os departamentos comerciais, de marketing e de comunicação é fundamental. Ser profissional apenas dentro de campo não basta.
É inocência imaginar que apenas com um time bom, com um bom CT você vai chegar longe. Eles são importantes, mas não podem ser únicos. A prova ficou clara nesta série D. Até porque se você tiver um clube profissionalizado, em todos os departamentos, a possibilidade de você ter um time mais forte aumenta.
A nossa pouca estrutura no futebol não é culpa apenas do gestor, muito pelo contrário. Mas, ele tem a sua parcela de responsabilidade. Em três anos, e como homem que vive do futebol, já deveria ter entendido que é preciso profissionalizar o futebol do Lec. Estaria, inclusive, ganhando muito mais dinheiro e não reclamando que a cidade não ajuda.
No futebol moderno não existe mais ajuda. Existe parceria. Se você tem um produto bom, o consumidor consome e o patrocinador se interessa em colocar a sua marca no seu produto. Mas, para isso é preciso mostrar para o parceiro que o seu produto é bom. Isso no Londrina não existe hoje.
Porém, a culpa maior é de quem dirigiu o clube nos últimos anos, dos atuais dirigentes e dos futuros, que terão uma responsabilidade muito grande. Trabalhar para levar o clube a um outro patamar ou o desejo de voltar a ser grande não vai passar de um sonho. E também de quem dirigiu o esporte da cidade nos últimos anos.
Até mesmo o departamento de futebol do Londrina está aquém do que é necessário. Um clube com a repercussão e a força do Londrina não pode nunca deixar de ter um gerente de futebol, um diretor de futebol ou até mesmo um vice-presidente de futebol. É desumano que o treinador e o gestor sejam os para-raios de todos os problemas.
A série D comprovou que não estamos aquém apenas no futebol, apesar dos significativos avanços nos últimos três anos, mas também em estrutura como instituição de futebol.
O Londrina tem dois caminhos: continuar avançando no campo de jogo, como time, e com a união de todos, gestor e diretoria executiva, modificar a estrutura para elevar o clube a um outro patamar. Ou então vamos continuar apenas nos orgulhando do passado, sofrendo no presente e com poucas perspectivas de futuro.