Imagino como deve ser difícil para um jogador de futebol profissional não poder expressar a sua paixão pelo seu clube em razão da profissão. Já pensou como seria a vida do atleta que ao chegar a um clube admitir que é torcedor do maior rival?
Se coloque no lugar deste jogador e pare para pensar como seria complicado se você não pudesse expressar o seu amor pelo seu clube do coração. Não seria difícil?
Jogador de futebol profissional é como todo mundo que gosta de futebol. Tem uma paixão por um clube por quem torce desde a infância seja pela influência da família, do pai, do irmão, do tio ou, simplesmente, a paixão surgiu como surgem as paixões: sem explicação.
Nós jornalistas esportivos também vivemos este drama. Porque o público em geral acredita que a partir do momento que confessamos o nosso clube do coração, a nossa opinião será sempre tendenciosa ou sem a isenção que a profissão exige.
Nós também temos um time que gostamos e torcemos, mas isto é o que menos importa pelo menos para mim. O meu trabalho terá sempre a mesma linha, independentemente, seu meu time está jogando ou não.
Para o jogador também é assim. A preferência por um time A ou B não vai interferir no seu rendimento se ele estiver defendendo o time C. Mas, reconheço que neste mundo de intolerância em que vivemos não há como existir esta distinção.
Por isso que muitos atletas relutam em falar sobre suas paixões futebolísticas com receio da repercussão. No fim de semana, Neymar saiu do lugar comum e, mesmo que não abertamente, mostrou seu amor de infância pelo Palmeiras.
O craque já havia comentado no passado que tinha sido torcedor do alviverde, por influência do pai. Agora, treinou com uma camisa do Palmeiras por baixo do uniforme da Seleção, publicou uma foto do goleiro Marcos, elogiou o CT do Verdão e deixou no ar a vontade de um dia jogar na Academia.
É bem verdade que Neymar já está maduro na profissão e resolvido tecnicamente e financeiramente. Tem muito respaldo para revelar a paixão. É algo muito difícil de ser feito por outro jogador.
Se fosse ainda jogador do Santos, talvez não falaria. Mas, seu vínculo já acabou faz tempo e até mesmo a forma como deixou o Peixe é até uma maneira de dar uma cutucada no rival.
Mas, tenham certeza que Neymar vai continuar resolvendo o problemas dos seus clubes e da seleção brasileira da mesma forma. Não é a sua paixão pelo Palmeiras que fará ele não honrar suas outras camisas.
Que o exemplo do Neymar possa ser seguido por outros jogadores e que as pessoas entendam que por trás de um atleta profissional tem um ser humano, que como todo mundo tem suas paixões, uma história de vida, suas influências e seu modo de pensar. E que precisa ser respeitado por isso.