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Serão 100 anos de gratidão!

02 dez 2016 às 16:45

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Por Lúcio Flávio Moura*

Ah, Colômbia, serão 100 anos de gratidão! Dobrados de dor, encharcados de lágrimas, encontramos você, esta dignidade em amarelo, vermelho e azul, este afago indígena, negro e branco que tanto conhecemos de nós mesmos, embora mais raro nesta era na qual preferimos as hostilidades.

Estávamos escurecendo na nossa desilusão quando veio o clarão de Medellín. Foi quando acordamos. Foi quando nos demos conta de tanta coisa. A gente sempre deu as costas pra ti, Colômbia, vizinha que acorda a gente com cheiro de café gourmet, com canto altivo, com dança exuberante, com um jeito dividido, ora pacífico, ora atlântico.

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Nem ouvimos suas dores que explodiam na selva, nunca te parabenizamos por suas cartagenas tão parecidas com nossas bahias, nunca pisamos nas playas tuas porque achávamos elas mais chavosas que as nossas.

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Nunca subimos nas suas montanhas magníficas porque na nossa prepotência já estávamos por cima da carne seca. Nunca entendemos seu respeito por nós, talvez porque nunca aprendemos a nos respeitar nestes voos errantes da nossa história de sul-americanos diferentes.

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Nunca nos olhamos lado a lado no espelho, nunca chegamos a conclusão que somos tão parecidos de corpo e alma, de sangue e de sonhos. Temos dúvidas se faríamos isso tudo por você, Colômbia. Temos um pouco vergonha disso.


Por que diabos só nos abraçamos agora? Por que este pranto bilíngue só surgiu nesta ferida tão nossa, nesta amputação tão bruta da nossa fantasia, da nossa fantasia de dar glória ao futebol plebeu? Por que, Colômbia, você decidiu ensinar a gente como agir diante do abismo? Por que nos faltou a grandeza de te amparar, Colômbia, quando você também sangrava?

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Que bom que ainda somos vizinhos, que sempre estaremos próximos, que sempre dividiremos nossa mata de fundos que ignora marcos e mesquinharias. Que bom ter tempo para nos redimir, para retribuir tamanho requinte humano, expresso em cada vela, em cada oração, em cada aplauso, em cada silêncio de uma noite que nunca vai acabar.


Estamos lado a lado, Colômbia! Estamos unidos como nunca estivemos! E se está tudo desgraçadamente triste, com caixão fazendo às vezes de bola, você, vizinha campeã, é a esperança que tudo isso vai passar. Ah, irmã Colômbia, serão 100 anos de gratidão!


*Lúcio Flávio Moura é jornalista, londrinense, amante do futebol e do azul celeste.


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