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O fim da onda gratuita na internet

20 jan 2010 às 16:23

O jornal americano The New York Times anunciou hoje que irá voltar a cobrar pelo acesso ao conteúdo de seu website (www.nytimes.com). Em 2007 o NYT abriu todos os textos de seu portal para acesso gratuito, encerrando a cobrança pela navegação nas páginas do site. A onda gratuita do Times, no entanto, durou pouco e será encerrada em 2011, quando a empresa passará a cobrar uma taxa única pelo acesso ao portal.

Não se trata de um fato isolado. Rupert Murdoch, o todo-poderoso presidente da News Corp. está há tempos liderando uma campanha pela cobrança do acesso ao conteúdo na internet.


Outros veículos de comunicação estão atentos a toda essa movimentação. A razão para tanta mobilização em torno do assunto é simples: ao contrário da mídia impressa, na mídia eletrônica a pura e simples comercialização de espaço publicitário não chega nem perto de garantir lucro aos veículos de comunicação. Com o conteúdo escancarado para o público - e de graça - não resta outras fontes de renda para as empresas.


Além disso, a abertura do conteúdo para acesso gratuito bate de frente com a tentativa de jornais e revistas de ampliar seu número de assinantes que pagam - caro - pelo acesso ao conteúdo em sua versão impressa. Afinal, por que pagar por uma assinatura se o mesmo conteúdo está disponível, de graça, na web e pode ser acessado de qualquer lugar via netbooks e smartphones?


Por outro lado, o custo de produção de conteúdo original continua alto. Não se faz um jornal da qualidade do NYT sem gastar muito em reportagem. Como defende Murdoch, não é um bom negócio investir alto na produção e depois distribuir o resultado de graça na internet.


Com o fim da onda gratuita na internet, o futuro será dos teasers, ou seja, os portais manterão parte de seu material aberto gratuitamente ao público. Mas o melhor, o filé mignon do veículo só será acessado por quem topar pagar por isso.


No Brasil, o acesso gratuito ao conteúdo de jornais e revistas não pegou 100%. Muitos jornais aderiram felizes a essa fórmula. Mas grandes empresas como a Folha de São Paulo e o Estadão restrigem o acesso a seus arquivos digitais. Resta saber como a nova onda irá chegar por aqui.

No entanto, a cobrança pelo acesso ao conteúdo não é uma fórmula comercial infalível. Ninguém vai pagar por um conteúdo se ele (ou algo similar a ele) estiver disponível de graça em outros sites. Ou seja, estão melhor preparados para essa nova onda veículos que investirem em conteúdo original, indispensável ao leitor. Talvez seja hora dos jornais olharem mais para o trabalho editorial e menos para as estratégias comerciais.


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