É notícia

Aos formandos, com carinho

21 mar 2016 às 22:33

Peço a você, leitor casual, as desculpas por escrever aqui, de forma tão particular, a alguns amigos queridos (sim, todos os amigos são queridos, mas pleonasmo em momento de emoção é permitido). Continuando. Trata-se de uma moçada bonita, com um caminho longo a ser percorrido. Meninos e meninas dos quais abstenho-me de citar nomes, pois todos são especiais. São Jornalistas. Recentemente colaram grau. No último fim de semana, deixaram transbordar a alegria em merecida festa.

Há quem diga que, dado o cenário atual de redações enxutas e salários baixos, não resta muito a ser comemorado por quem se torna um bacharel em Jornalismo. Sim, o cenário não é dos melhores. Mas a profissão continua sendo nobre. E a cada dia mais necessária para que a democracia brasileira continue em pé. Na minha modesta opinião, sempre será a melhor profissão do mundo.


Não tenham pressa. Não se desesperem. As oportunidades virão no tempo certo. Mas não baterão nas suas portas. Vocês é que devem bater nas portas delas, as tais oportunidades. Qualquer hora acontece de uma se abrir.


Enquanto isso, estudem. A faculdade acabou. O aprendizado não. Leiam. Leiam muito. Leiam tudo o que puderem. Evitem as redes sociais. É sério. Não deixem que elas ocupem mais de 5% do tempo útil dos dias de vocês.


Nos dois anos logo após me formar, li mais do que durante os quatro anos de faculdade. É gostoso ler livros que falam de Jornalismo quando a leitura não é obrigação para escrever uma resenha para aquele professor chato. Experimentem, vocês hão de gostar.


Pensem, analisem. Não se apaixonem por nenhum dos lados das muitas versões. Não se deixem seduzir pelo poder que suas palavras terão. Pensem sempre nos mais fracos. Não façam preconceitos de pessoas nem de instituições. Desconfiem dos elogios.


Não sou bom para conselhos, por isso vou parando por aqui. Mas vocês tiveram, eu sei, professores que preciosas dicas lhes deram nos últimos quatro anos. Agora, é hora de colocá-las em prática.


Da minha parte, gostaria de ter sido um professor melhor. Esbarrei na inexperiência. Mas espero compensar sendo um bom colega. Já tive o prazer de estar ombro a ombro com um ou dois de vocês em entrevistas coletivas. Não há nada mais gratificante para um ex-professor do que se tornar companheiro de profissão daqueles que um dia foram seus alunos.


Para finalizar, levem nos ombros a nobreza da profissão. E mesmo se os bons caminhos da vida fizerem com que alguns de vocês não venham a trabalhar com Jornalismo, que encontrem a felicidade onde quer que venham a atuar.


Não se mede as qualidades de uma pessoa pelos seus valores financeiros, mas pelos seus valores morais. Não se mede o sucesso de uma pessoa pelos seus títulos, seus cargos, seus rendimentos. Mede-se o sucesso de uma pessoa pelo número de vezes em que ela sorri em um só dia.

Toda felicidade do mundo para vocês, colegas.


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