Existem iniciantes vaidosos em todas as áreas. E como são chatos, não é verdade? Só falam de si mesmos e elogiam a própria obra, sem aceitar crítica nenhuma.
Esse é o caso de Vânia; participa de uma oficina de literatura, leu dois ou três livros sobre a Arte de Escrever e lá está ela sentindo-se uma estrela! Na oficina compara seus contos com os de seus colegas e lança frases azedas, do como: eu procuro dar profundidade a meus textos...
Na realidade ela cria parágrafos quilométricos e muito monótonos. O orientador da turma criticou-a. Uma aluna que participa da oficina e gosta de discordar para mostrar que existe, lançou a frase fatal: Ela tem o estilo de Joyce...
Vaninha parecia flutuar. Era isso!.. Orgulhosa, enfatizava que era da linha James Joyce. Interessante a afirmação, porque Vaninha nunca lera Joyce.
O tempo foi passando, e a vaidade de Vaninha aumentou. - Eu utilizo o monólogo interior, a narração labiríntica. Vejam o foco narrativo da segunda pessoa...
Um dia, um editor visitou a Oficina. Todos tiveram a oportunidade de ler um conto. O editor elogiou o esforço dos alunos e escolheu os contos de Talita para publicação.
Vaninha sentiu-se ofendida. – Eu escrevo igualzinho a Joyce... – esbravejou.
O editor, é preciso dizer, que havia lido a obra completa de Joyce, sorriu. Vaninha insistiu em ler outro conto. E ao terminar reafirmou: meus textos têm marcada influência de Joyce.
O editor, sarcástico retrucou: – Moça, seus contos se parecem com os de Joyce como uma azeitona se assemelha a uma melancia!
Vaninha abandonou a oficina. Mas ainda escreve e – segundo suas próprias palavras: "até Joyce foi criticados pelos contemporâneos. Gênio nunca é compreendido..."