A expectativa de que seria ruim fez o último capítulo de Caminhos da Índia parecer razoável. Na verdade, complicada e arrastada foi toda a novela. Com temas tão importantes para serem discutidos, como o perdão e a revisão de conceitos e abandono dos costumes tão conservadores, vimos a família de Opash andar em círculos durante muitos e muitos capítulos, quando poderiam ajudar a grande massa que vê televisão repensar algumas coisas.
Novela é obra de ficção e pode tudo. Ou melhor, quase tudo. Não dá pra insultar a inteligência das pessoas. Como no caso da personagem Leinha, sentada num restaurante, passa um homem do nada, vê o documentário dela de soslaio e imediatamente convida-a para ir para Hollywood. Não precisava nos chamar de burros, até porque a personagem era uma quase figurante.
Depois de 200 capítulos, tudo precisou ser resolvido de maneira muito rápida. Não tivemos a oportunidade de ver o casal protagonista discutir a relação, enfrentar aquele momento difícil e então recomeçar. As falhas de amarração das tramas foram muitas. Raj terminou não sabendo que tinha um filho. O casal de picaretas Ilana e César ficou absolutamente numa boa. Não se disse uma linha sobre a personagem de Eva Todor, que não participou das gravações finais porque foi submetida a uma cirurgia. A discussão da educação público ficou apenas na intenção. Enfim, foram muitas as situações negativas na trama de Glória Perez.
O melhor de Caminho das Índias
Os atores abraçaram com paixão os personagens capengas criados pela autora. Destaque absoluto para mim foram as atuações de Tony Ramos – de longe, o melhor ator da TV brasileira - Bruno Gagliasso, Dira Paes e Cléo Pires. Estiveram muito bem a Ana Beatriz Nogueira e Antonio Calloni, Elias Gleizer – finalmente num papel que não era o do padre ou avô legal – Christiane Torloni, Juliana Alves e as empregadas Priscila Marinho (Sheila) e Luci Pereira (Ondina), Humberto Martins, Duda Nagle e a estreante Vitória Frate como a rebelde Julinha.
Raj deveria ter morrido no meio da trama, mas o talento e carisma de Rodrigo Lombardi deram vida e final feliz ao personagem. Juliana Paes começou mal e deu a volta por cima durante a novela, provando que pode fazer parte do primeiro time da Globo. Márcio Garcia foi o que se viu no último capítulo: de protagonista a figurante com uma passagem em cima do elefante. Não convenceu. A vantagem é que outra trama fantasiosa de Glória Perez agora, só lá pra 2012. Hare baba!