Com quase 240 capítulos, terminou ontem uma – senão a melhor – das melhores produções desta nova fase da teledramaturgia da Record. Poder Paralelo encerrou jornada com 16 pontos de média em São Paulo e 19 no Rio de Janeiro. Considerando o horário de exibição, números excelentes.
Lauro César Muniz deu um show. Fez uma novela para machos, focando a trama principal na máfia italiana e nos conflitos amorosos de Tony Castelamare, vivido pelo sempre bom ator Gabriel Braga Nunes. Além do mistério sobre o serial killer que matava as vítimas com um certeiro tiro na testa, não houve concessões ao pieguismo e melodrama baratos. Os diálogos eram sempre na medida e os embates entre Lígia (Miriam Freeland) – a esposa – e Fernanda (Paloma Duarte) – a amante – mostraram a maturidade de um autor, que sabe escrever sobre essas angústias de maneira objetiva e sem lágrimas desnecessárias.
Os últimos capítulos, em especial, todos muito bem editados, criaram suspense e tensão a cada cena para o embate final com o antagonista cínico de Marcelo Serrado, outra boa surpresa no elenco. Acho bacana destacar, ainda, o desempenho de Guilherme Boury, o Pedro, ator iniciante que colocou verdade no jovem que se apaixona por uma mulher mais velha.
O pior de Poder Paralelo foi a própria emissora. Além de cortar cenas, interferir na produção nos primeiros capítulos, renegou a trama em detrimento dos realities shows, fez várias mudanças no horário de exibição, o que, em televisão, é muito ruim. Ainda assim, o folhetim terminou com uma média de 11 pontos no Ibope. Isso significa 11 milhões de telespectadores, no mínimo, em todo o país.
Lauro César Muniz renovou contrato com a emissora. E quem deve estar lamentando esse sucesso é a Globo, que o colocara na geladeira e não tinha plano algum para este excelente autor.