Alguém já escreveu que o penúltimo é sempre o melhor capítulo de uma novela. Isso porque os grandes conflitos são resolvidos neste dia, e o último serve apenas para os momentos de total felicidade. Concordo com a premissa.
E foi o que Bela, a Feia, mostrou ontem, ao cravar 17 pontos de média, picos de 20 em São Paulo, com liderança sobre o insosso Força Tarefa, e média na casa dos 25 no Rio de Janeiro.
Em mais uma prova de total falta de estratégia, a Record programou para hoje, encerrar a jornada de Anabela Palhares, a garota que com um caráter ilibadíssimo, inteligência e competência fora do comum, mas sem nenhum gosto para se vestir, comprovou para si e ao mundo que para sobreviver no mundo, beleza põe sim a mesa.
A adaptação brasileira começou mal. Faltava ritmo, empatia, as falas pareciam deslocadas. Some-se a isso as constantes mudanças de horário para acomodar aquele lixo chamado A Fazenda, e o folhetim precisou ralar muito para cair no gosto popular, apesar do horário inglório. Nesses últimos dias, tem começado depois das 22h30.
De qualquer forma, na reta final, Gisele Joras, responsável pela adaptação do original colombiano, mostrou certo amadurecimento para amarrar todas as situações em torno de Valentina Carvalho, a ex-Feia. Tudo bem que ela também se esqueceu de vários personagens, mas se o João Emanoel Carneiro, d'A Favorita, na Globo, também fez isso, ela também pode. Humor, pastelão da melhor qualidade, vilões irrepreensíveis e uma protagonista à vontade no papel, tornaram muito agradável o hábito de ver a novela.
Simone Spoladore, André Mattos, Carla Regina e Iran Malfitano criaram vilões sarcásticos, agressivos, talvez até mesmo loucos. Roubaram a cena. Bárbara Borges, João Camargo e Rafael Primot transformaram o salão de beleza da Gamboa no lugar mais divertido do Rio de Janeiro. E Gisele Itiê e Bruno Ferrari fecham os destaques com o merecido reconhecimento. Não deve ser fácil para uma mulher linda como Gisele se embarangar. E fica evidente a entrega dela à personagem. Bruno, depois de coadjuvar na Globo, finalmente vestiu bem o figurino do mocinho que toda mulher deseja chamar de seu.
Sem Lost na TV paga e Bela na aberta, as noites ficarão um pouco mais monótonas. Vou ler mais livros até recomeçar o reality que promete, mas não consegue fazer nenhum ídolo neste Brasil varonil.