Terminou ontem a novela mais longa do horário das sete. E com média de 41 pontos na Grande São Paulo e picos de 46. Vale lembrar que, até agora, Viver a Vida não chegou nem perto disso. Comparando a média do primeiro ao último capítulo, só Cobras & Lagartos teve desempenho superior.
E são muitos os motivos que fazem de Caras & Bocas, disparada, a melhor novela de 2009. Foi um casamento perfeito entre texto, direção e interpretação, com raríssimas exceções. Walcyr Carrasco sabe construir histórias, dá espaço para todos os núcleos, resolve os conflitos rapidamente e consegue imprimir um ritmo de seriado a uma obra aberta e longa como a telenovela. Ao contrário de Manoel Carlos, é quase ritmo de vídeo clipe. Não foi à toa que ele conseguiu entrar para o seleto time dos primeiros autores da Globo, valorizando o horário das dezenove horas.
Caras & Bocas foi criativa em inserir um macaco como principal força dos conflitos. Criou uma heroína moderna, determinada, batalhadora, que não ficava choramingando pelos cantos a cada revés. Uniu o casal principal antes da metade da novela e compôs uma vilã bem folhetinesca. A pérfida Judith certamente ficará na memória. Mas foi a dupla de adolescentes Bianca e Felipe que roubou todas as cenas da trama. Outro detalhe: o folhetim primou pela defesa dos bons valores, fossem eles na relação entre as pessoas, fossem nos cuidados com os animais.
O melhor
- Isabelle Drumond e Miguel Rômulo – de longe, tudo de bom na trama;
- Flávia Alessandra – conseguiu provar que é mesmo uma boa atriz e saiu totalmente da sombra do ex-marido, o diretor Marcos Paulo;
- o macaco Xico;
- a família de Fabiano (Fábio Lago), com todas as trapalhadas que aprontaram;
- a família de gordinhos preconceituosos;
- os laços de afeto que uniu a família de Socorro (Elisabeth Savalla);
- Deborah Evelyn, excelente como a antagonista;
- a discrição do romance gay entre André e Cássio;
- o bom desempenho de Marcos Breda como o banana Pelópidas;
- a inserção de uma deficiente visual;
O pior
- o excesso de bom mocismo da deficiente visual;
- a trama que envolvia Milena e Nicholas, de longe, a pior situação relatada;
- todo o núcleo judeu da novela, que pecou pelo excessivo didatismo em relatar as tradições culturais;
- o fraco desempenho de Rachel Ripani como a gostosa, e depois doente, Tatiana;
- a inexpressividade de Marcos Pasquim;
PAUSA
Entro em férias a partir deste post. Volto em fevereiro.