Vai ao ar hoje à noite, o quarto de nove capítulos da série A Cura, escrita por João Emanoel Carneiro e Marcos Bernstein. A aposta é numa trama com protagonista dúbio. Dimas (Selton Mello) volta à pequena cidade no interior de Minas Gerais, depois de ter fugido acusado de assassinar o melhor amigo. Neste retorno, como médico, ele passa a demonstrar poderes incompreensíveis, capazes de curar, como diz o título. Com isso, desperta a adoração e fúria dos moradores. Apostando também na crença espírita, a série viaja pelo passado.
O que foi mostrado até agora é bem bom, não fosse o recurso fácil de colocar a fofoqueira da cidade para ficar explicando as relações entre os personagens. É quase como chamar a gente de imbecil. Mas é só.
O texto mantém mistério e oferece bons momentos para atores consagrados e novos rostos, garimpados da cena teatral mineira. Isso é sempre louvável, nessa massacrante máquina de repetição, que parece ter apenas Gagliassos, Dieckmans, Anthonys da vida. Selton Mello é sempre um presente. Justamente por quase raramente aparecer na telinha, quando o faz, coloca paixão e alma a trabalho do personagem, presenteando o público com peculiar interpretação. Nívea Maria e Ary Fontoura também são destaque.
Ao lado de A Vida Alheia, A Cura já cravou lugar nas boas atrações de 2010. Pena que o horário eleitoral coloque a série num horário excessivamente tarde. Nem tudo pode ser perfeito, né?