A emissora do Bispo deu ontem mais uma prova de que nunca será a rede de maior audiência da TV brasileira. E por uma razão muito simples: nenhum compromisso com o telespectador. Não adianta investir em elenco, equipamento, grandes produções, se não tiver uma grade de programação com um mínimo de coerência e repetição, pois até minha bisavó já entendeu que a telinha é igual a hábito. As carmelitas descalças querem ligar a TV às seis da manhã e ver o pastor louvando a Deus. Assim é com todos os programas.
Pois bem. Ontem a Record estreou Ribeirão do Tempo, a nova novela que estava prometida para março, logo após Poder Paralelo. O primeiro desrespeito: avisar que seria exibida às 22 horas, no lugar de Bela, a Feia, que está na reta final e com índices na casa dos 15 pontos de média em São Paulo. O segundo desrespeito: a novela começou às 22h20. E ao invés de termos um capítulo inteiro, foram menos de 40 minutos de exibição, mostraram os créditos com os nomes dos atores e fim. Bela começou na sequência e durou mais 40 minutos, quando na prática, costuma durar uma hora, contando os intervalos comerciais. O terceiro desrespeito: O Aprendiz Universitário começou a ser exibido depois da meia-noite. Francamente, não?
Ribeirão do Tempo registrou média de 12 pontos no Ibope. E, certamente, a edição do primeiro capítulo ficou prejudicada por conta desses desacertos na programação. Mal deu para apresentar os personagens e a cidade, o nome da novela, onde a trama de Marcílio Moraes vai se desenrolar. Pelo pouco que foi mostrado, teremos uma mistura de Tieta, A Indomada, Roque Santeiro. O novelista já deu provas que é um autor de primeiro time. Mas essa deferência à principal concorrente soa bem desagradável. Marcílio promete tratar de política. Vamos ver se, em ano eleitoral, o telespectador vai se render.
Aos fãs de Bela, a Feia e O Aprendiz, sobraram as bananas.