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Copel não socorre cidades com racionamento

Vânia Casado
26 jun 2001 às 09:13

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A Copel não pode transmitir energia elétrica para os municípios paranaenses de Jacarezinho, Barra do Jacaré e Ribeirão Claro, que foram incluídos no sistema de racionamento pelo ministério do "apagão". Para viabilizar tecnicamente essa transmissão, a Copel precisaria de linhas de transmissão específicas para esses municípios, o que não existe. Tudo o que a Copel pode mandar de energia para a região Sudeste e dispõe de estrutura para isso, já está sendo enviado, informou a assessoria da empresa.

A inviabilidade técnica da transmissão de energia decorre da opção feita por esses municípios de receber energia elétrica da Companhia Luiz e Força Santa Cruz, uma empresa paulista pertencente ao grupo Votorantim. Essa opção foi firmada através de contratos com as prefeituras. A Santa Cruz fornece energia elétrica para 38 municípios paulistas e três paranaenses.

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No balanço energético apresentado pela Santa Cruz, ela necessita de uma geração de 836 mil Megawatts/hora (MW), energia suprida por geradoras da região Sudeste, onde está localizada a sede da empresa. Desse total, apenas 4.063 MW/hora, que correspondem a 5% das necessidades da Santa Cruz, são adquiridos da Copel. Cerca de 562 mil MW/hora foram comprados da geradora Duke Energy, pertencente à Usina Vale do Paranapanema, de São Paulo.

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No ano passado, o município de Jacarezinho consumiu 63.319 MW/hora da demanda de energia da Santa Cruz para abastecer 11.060 consumidores, entre residenciais, industriais, comerciais e rurais. O município de Ribeirão Claro consumiu 10.125 MW/hora para o fornecimento de energia para 3.101 consumidores. E o município de Barra do Jacaré consumiu 2.255 MW/hora para o fornecimento de energia para 783 consumidores.

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No curto prazo, não tem muito o que se fazer. Para atender as reivindicações dos prefeitos dos municípios paranaenses, a Copel teria que investir em linhas de transmissão e obras de reforço em subestações para transportar a energia até o consumidor final. Para isso, entretanto é preciso que haja uma negociação comercial entre os municípios e a Copel, além de autorização da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).


Por outro lado, os municípios mantêm um contrato com a Santa Cruz. A Copel não sabe a duração desse contrato e nem imagina se o grupo Votorantim está disposto a abrir mão do mercado que representa esses municípios. "Se a Copel faz o investimento e depois os municípios voltam a consumir a energia da Santa Cruz, como se faz?", perguntou um assessor. Além disso, a Santa Cruz tem um contrato com a Duke Energy com base na demanda total dos municípios que abastece. Em caso de abrir mão desse fornecimento, como fica o contrato entre as duas empresas? "As coisas não são tão simples assim", resumiu.

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Conforme a tabela de preços da Companhia Santa Cruz, o consumo residencial está fixado em R$ 189,86 por MW/hora. Enquanto a tarifa da Copel para o consumo residencial está fixada em R$ 166,21 por MW/hora. A tarifa cheia da Santa Cruz é cobrada nas residenciais com consumo mensal de 201 a 220 KW/hora.


O governador Jaime Lerner (PFL) disse ontem durante uma visita à Ribeirão Claro (25 quilômetros a leste de Jacarezinho), que a Copel está negociando com os órgãos federais a desvinculação dos municípios de Jacarezinho, Barra do Jacaré e Ribeirão Claro do plano de racionamento imposto pelo Comitê da Gestão da Crise Energética do Governo Federal.

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A ampliação definida pelo comitê ampliou o plano de racionamento aos municípios paranaenses abastecidos pela Companhia Luz e Força Santa Cruz, com sede em Piraju-SP, na última semana. O governador anunciou que realizou uma reunião com os prefeitos envolvidos e afirmou que o governo estadual está tentando a liberação dos municípios. "Seria uma injustiça muito grande a população paranaense ser penalizada. Vamos tentar desvincular os municípios do plano imediatamente", disse.


O governador explicou que a possibilidade de transmissão da energia elétrica da Copel para estes municípios não é viável. Ele explicou que a Copel fornece energia para o sistema de energia elétrico nacional e que colabora no fornecimento de energia para o restante do país. "Estamos interligados no sistema de abastecimento brasileiro", disse. Ele alertou que a Copel já iniciou as negociação com as operadoras e os órgãos federais, mas não determinou um prazo para a solução do problema.


O prefeito de Ribeirão Claro Mário Augusto Pereira (PFL) acredita que a intervenção estadual resolva o problema. "Conversamos com o governador e esperamos que os municípios sejam liberados", comentou. O prefeito de Jacarezinho José Antônio afirmou que o município está economizando cerca de 5,67% de energia sem o racionamento. Segundo ele a inclusão dos municípios paranaenses pode gerar desemprego e prejudicar o plano de atração de empresas ao município.

O prefeito também considerou estranha a atitude da Companhia Luz e Força Santa Cruz em relação ao episódio. Segundo ele a prefeitura não recebeu nenhum comunicado oficial, mas logo depois da decisão oficial a comunidade já estava recebendo cartilhas de explicação. "Fomos pegos de surpresa, mas acredito que a intervenção do governo estadual amenize o problema", disse.


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