Após a operação deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) na manhã desta sexta-feira (5), o diretor do Instituto de Criminalística (IC) de Londrina, Luciano Gardano Elias Bucharles, pediu exoneração do cargo à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). A pasta deverá indicar um novo servidor para o posto nos próximos dias.
O objetivo da operação do Gaeco era cumprir um mandado de busca e apreensão em uma sala que permanecia trancada, sem acesso regular de funcionários, no imóvel ocupado pelo IC de Londrina. O mandado foi expedido pela 5ª Vara Criminal.
Segundo a promotora responsável, Claudia Piovezan, a ação é um desdobramento de investigações de outras promotorias. A suspeita, segundo o MP, é que existam perícias engavetadas. "Há grande quantidade de ofícios guardados, muitos deles reiterando perícias e demais materiais", completou em entrevista concedida à rádio CBN durante a manhã. A reportagem do Portal Bonde tentou contato com a promotora durante a tarde, mas ela não foi localizada.
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O diretor-geral do IC no Paraná, Daniel Felipetto, está sob suspeita. A sala pertencia a ele quando ainda trabalhava em Londrina - deixou a cidade em 2013 e desde 2015 ocupa o cargo em Curitiba. Bucharles, que é servidor do IC desde 1995, assumiu a direção da unidade de Londrina em agosto de 2013.
A promotora ressaltou que ainda não é possível afirmar que há irregularidades. "Isso será parte de análises futuras. Ainda vamos verificar todos os inquéritos e perícias", finalizou.
Durante o cumprimento do mandado, foram localizadas três pequenas emulsões explosivas e um fio detonante de dinamite, o que fez o imóvel ser evacuado e isolado até a chegada dos policiais do Esquadrão Antibombas do Batalhão de Operações Especiais (Bope) de Curitiba. À tarde, os agentes removeram os materiais e retornaram à capital. Depois, as buscas foram retomadas e terminaram com a apreensão de documentos, computadores e armas.
Também ao longo da tarde, Bucharles oficializou a entrega do seu cargo. Em contato com a reportagem do Portal Bonde, ele informou que sua saída respeita um procedimento de praxe adotado pelos chefes do IC em situações semelhantes. "Não há nenhuma perícia ou ofício parado ou que não esteja sendo atendido desde que assumi a chefia. Os laudos sob a minha responsabilidade estão em dia e com as tramitações em forma totalmente regular", afirmou.
O agora ex-diretor também ressaltou que não tinha ciência da natureza dos materiais e arquivos encontrados na sala pelo Gaeco. "Nunca estiveram sob a minha responsabilidade, mesmo porque nunca fui informado sobre a existência de qualquer material que ali se encontrava", completou.
Em nota, a Sesp informou que a direção da Polícia Científica, à qual estão submetidas todas as unidades de criminalística do Paraná, abriu um procedimento administrativo para apurar as razões pelas quais os membros do Ministério Público (MP) não tiveram acesso à sala, "uma vez que uma cópia da chave fica na sede do instituto", diz o texto.
Ainda em nota, a direção da Polícia Científica afirmou considerar desproporcional a ação do MP na sede do Instituto de Criminalística de Londrina.
(matéria atualizada às 20h15)