A energia da Escola de Circo de Londrina (ECL) foi cortada sem aviso na noite de quinta-feira (20). Por volta das 20h35, sete pessoas estavam no prédio, entre professores e alunos que realizavam exercícios.
Poucos minutos antes, duas meninas de nove anos faziam acrobacias e utilizavam um equipamento com o qual eram levadas até o alto. O equipamento funciona a base de energia.
Na noite de quinta-feira, a luz foi cortada por um funcionário da Copel sem aviso, mas o serviço era para ter sido feito na noite de segunda-feira (17). Não foi executado porque alunos da escola perceberam a tempo e negociaram para que o serviço fosse mantido. A ação sem aviso revoltou a coordenadora do projeto, Jerusa Rocha. Ela reforçou que foi um ato infeliz e inconsequente da companhia.
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"Com essa atitude totalmente irresponsável poderia ter acontecido um acidente gravíssimo, inclusive com risco de morte, já que treinamos em aparelhos de acrobacias aéreas e muitos movimentos arriscados, no momento do corte de energia tinham pessoas penduradas em tecidos, cordas, outras fazendo saltos mortais, outras na cama elástica e um simples erro poderia ter sido fatal".
Desde 2004, a Escola de Circo de Londrina funciona na avenida Higienópolis, próximo ao Lago Igapó, ponto nobre da cidade. O terreno foi cedido pela Sercomtel e foi lá que o projeto iniciado em 1997 foi crescendo e faz de Londrina uma cidade em excelência na produção de artistas de circo. Ao longo dos anos, a escola se manteve ora com ajuda do município, ora por conta própria.
Porém, no final do ano passado, a Sercomtel solicitou a devolução do terreno, se comprometendo a garantir um outro espaço para que a Escola continuasse funcionando. De acordo com a coordenadora da ECL, Jerusa Rocha, o novo local seria na zona norte de Londrina e os professores iriam auxiliar na construção para melhor aproveitamento.
"A Sercomtel se propôs a construir um novo espaço na rua Lupércio Luppi e nós poderíamos opinar na construção, porque não pode ser qualquer barracão. Tem que ter uma estrutura boa para suportar o peso dos equipamentos, uma altura mínima, um espaço mínimo para a realização dos exercícios. Ficou decidido que eles iam construir esse novo espaço, enquanto isso a escola iria permanecer no local. Depois dessa conversa ninguém mais [da Sercomtel] entrou em contato com a gente até que desligassem a luz".
A coordenadora da ECL detalhou os fatos da semana que culminaram no desligamento da energia. Ela disse que, depois da ameaça na segunda-feira, um grupo de quatro pessoas foi conversar com o prefeito Barbosa Neto.
"Ele informou que nada poderia fazer, que a responsabilidade é da Sercomtel. Então pediu para que conversássemos com o presidente da Fundação de Esportes e o secretário de Cultura. Os dois afirmaram que não tinham o que fazer, pois todos os ginásios da cidade estão ocupados e um ginásio só para nós não teria possibilidade. Todos sugeriram que a gente fosse conversar com a Sercomtel e fixasse prazo até que um novo barracão fosse construído".
Em carta, Jerusa Rocha, expresssou o seu descontentamento com a Sercomtel e cobrou um posicionamento da empresa. Além disso, a coordenadora pede explicações à Copel.
"Pergunto à Sercomtel, que diz ser apoiadora da Cultura: cadê o seu apoio a ECL, que durante anos esteve localizado no 'seu terreno' e sequer recebeu uma visita de seus representantes para saber sobre as atividades que são realizadas ali? Cadê a Sercomtel que de forma abrupta solicitou o corte de energia impedindo a continuidade das atividades? Cadê a Sercomtel que garantiu a construção de um barracão na zona norte para transferir a ECL e para que o projeto Sócio Cultural não seja abandonado? Pergunto à Copel, que diz ser uma empresa responsável: cadê sua responsabilidade quando arriscou a vida de várias crianças e jovens desligando a energia sem nenhum aviso prévio durante as atividades na escola? Cadê sua responsabilidade quando foi desligar a energia durante a calada da noite escondido e não durante o horário comercial? Cadê sua seriedade quando não deixa nenhum aviso ou protocolo do serviço realizado?"