Guaravera chegou a ser referência do Paraná na produção de frutas e verduras, o que refletia no desenvolvimento de sua área urbana. Os moradores dizem que o distrito é um bom lugar para se viver, mas concordam que algumas áreas estão se tornando insustentáveis, como o encolhimento do campo e a falta de segurança. Hoje, não tem nenhum policial militar ou representante da Guarda Municipal trabalhando na região.
Campo
Carlos Cardoso é produtor rural em Guaravera e proprietário de sacolão. Ele explica que o trabalhador rural, atualmente, está desestimulado a plantar mudando-se para a cidade. Carlos até tentou morar no distrito-sede, mas voltou para Guaravera. "Não me arrependo. Eu gosto daqui".
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Nos anos 90, o êxodo da população rural de Guaravera era baixo. Carlos supõe que isso se deve à ascensão da uva na época. "Quando a gente produzia uva, meus irmãos trabalhavam comigo no campo. Mas a produção começou a cair há 15 anos e eles foram para Londrina".
Carlos acredita que o governo devia criar um programa de incentivo para prender a população no campo, que hoje, está encolhendo. "Eu não conseguiria sobreviver se não tivesse o comércio", explicou. De acordo com dados da Secretaria do Planejamento, a população rural de Londrina diminuiu 49% em 20 anos (de 1991 a 2011).
Avelino foi o único dos 14 filhos de Josias Dias que continuou na zona rual. Com 82 anos, hoje mora em Londrina com uma filha por sofrer problemas de saúde que o obrigaram a sair de seu sítio. "Ainda não me acostumei com a cidade, me sinto preso", reclamou Josias.
"Quem estuda não quer ficar na roça", disse o ex-produtor rural que criou seus filhos para morarem na cidade. Ele disse que nenhum de seus vizinhos tinha a intenção de manter os filhos em Guaravera por causa das dificuldades como falta de médicos, segurança e educação precária. Josias também percebeu que a população rural está diminuindo. "Meus vizinhos só usam o sítio para passarem férias".
Apesar de nunca ter sofrido com a falta de policiais, Josias concorda que a falta de segurança é um problema sério enfrentado pelo distrito.
Área urbana
A inspetora de pátio do Colégio Estadual de Guaravera, Lurdes Alcântara, concorda que o principal problema do distrito é a falta de policiais. Lurdes contou que os moradores construíram uma casa para ser a delegacia com dinheiro arrecadado pela população. "Um policial chegou a trabalhar aqui, mas foi transferido e hoje só mora no espaço que construímos para ele trabalhar por nós".
Sem polícia ou representante da Guarda Municipal, professores e funcionários do Colégio acabam exercendo função de segurança. "Já cheguei a registrar queixa contra aluno por ameaça e por trazer faca na escola", disse Lurdes. Segundo ela, os alunos debocham dessas medidas, respondendo que isso não leva a nada. "Você vai argumentar o que para eles? Como explicar uma coisa que não acontece?".