A Delegacia de Estelionatos em Londrina vem registrando denúncias
contra uma agência de modelos infantis de São Paulo. Segundo o delegado
Edgard Soriani, desde o início da semana já foram registrados 10 B.Os
(Boletins de Ocorrência). Os pais que procuraram a delegacia relatam que
assinaram um contrato e pagaram altos valores pelo agenciamento, com a
promessa de que os filhos teriam trabalhos garantidos como modelos para
uma loja de roupas com perfil nas redes sociais, além de famosas marcas
de produtos infantis.
“Vi uma propaganda no Instagram que teria
uma seletiva nos dias 19, 20 e 21 de agosto em Londrina. Fiz a inscrição
do meu filho e recebi um retorno via WhastApp. Chegando no hotel, no
centro da cidade, fizeram uma sessão de fotos e já me garantiram um
cachê de R$ 2,5 mil por um trabalho para uma loja de roupas. Mas para
meu filho ser agenciado, eu tive que pagar R$ 8 mil. Como eu não tinha
esse dinheiro, eles disseram que abateriam o primeiro cachê e eu paguei
então, em torno de R$ 5,5 mil. Só paguei porque eles me prometeram que
meu filho já havia sido selecionado para três trabalhos com cachê total
de R$ 40 mil. Trocamos mensagens dois dias depois e então eles sumiram”,
conta uma mãe que registrou o B.O.
Ela chegou a assinar o contrato. “Eles foram muito convincentes durante toda a conversa na garantia dos trabalhos”, diz. O perfil nas redes sociais da empresa de São Paulo possui 36,7 mil seguidores e a loja de roupas online para a qual as crianças fariam o primeiro trabalho, possui pouco mais de 2,8 mil seguidores.
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Outra
mãe ouvida pela reportagem, pagou a quantia de R$ 2,7 mil. “Eles
garantiram que o primeiro trabalho do meu filho seria para uma marca
famosa de roupas e o cachê seria de R$ 100 mil. Foi uma lavagem cerebral
porque logo após as fotos, uma moça começou a dizer que meu filho tinha
exatamente o perfil que as grandes marcas estão buscando e que poucas
crianças são selecionadas. Em seguida, ela me levou para uma sala onde
havia outros pais, mas as mesas eram separadas e o som era alto. Era
proposital para ninguém escutar a conversa ao lado”, diz.
Ela
conta que visitou o perfil da agência nas redes sociais e que toda a
produção para a seletiva parecia bastante profissional. “Eram várias
salas, havia muitos pais e todos eram bem vestidos e falavam muito bem.
Disseram que os produtores vinculados a essas grandes marcas de roupas e
produtos infantis, estavam conectados online, interessados em novos
talentos”, afirma.
Após a seletiva, a mãe conta que começou a ficar desconfiada. Assim como outras supostas vítimas, ela tentou vários contatos, mas não obteve nenhum retorno. As famílias criaram então um grupo no WhatsApp e o número de pessoas que se dizem lesadas já passa de 30. “Teve gente que pagou R$ 10 mil”, completa. Além dos boletins de ocorrência que vêm sendo registrados pelas famílias, algumas estão buscando o Procon de Londrina.
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