Após a repercussão negativa do reajuste de 4,36% que os vereadores deram a si mesmos na noite de ontem (18), sem qualquer discussão com a sociedade, o presidente da Câmara Municipal de Londrina, Padre Roque Neto (PTB) convocou a imprensa para entrevista coletiva na manhã de hoje na qual tentou justificar o reajuste. Nas rádios locais e no Fórum do Bonde, os londrinenses não se calaram e criticaram veementemente os parlamentares.
Para começar as explicações à imprensa, o presidente da Câmara disse que não se trata de um "aumento", mas de uma "reposição salarial". "Muitas vezes a imprensa fala que os vereadores aumentaram seus próprios salários, mas é uma reposição da inflação, e não aumento. É bom explicar isso para a população".
Outra justificativa de Roque Neto é que a reposição se baseou em critério de lei municipal que vigorou entre 2004 e 2008, que permitia a reposição "automática" para os vereadores toda vez que se concedesse reposição aos servidores públicos. Além disso, afirmou o presidente, há recursos suficientes para pagar os reajustes.
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Padre Roque reconhece que a classe política está desgastada no Brasil e que "quando se discute questões de dinheiro em relação aos políticos isso acaba soando mal". "Eu não quero tirar a razão da sociedade, porque, de fato, temos alguns políticos que não merecem (o aumento) pelo pouco trabalho e pelas coisas erradas que fazem", ponderou. "Mas, para aqueles que trabalham honestamente eu creio que seja justo".
Um dos vereadores que será beneficiado com a "reposição salarial" será Joel Garcia (PDT) que, além de estar afastado das funções, está preso, acusado de atrapalhar investigação em processo no qual responde ao crime de peculato. Rodrigo Gouvêa, que também já esteve preso e também responde por peculato, é outro que receberá o reajuste, para o qual votou favoravelmente.
"Eu acho que a população sabe distinguir que são situações diferentes", disse o presidente do Legislativo londrinense em entrevista ao BONDE.
Padre Roque também defendeu a "transparência" do projeto, embora os vereadores tenham tratado de seus próprios reajustes em reunião secreta, antes da votação, que ocorreu nominalmente, como em todos os projetos.
Como se tratou de uma emenda, apenas ontem jornalistas e população ficaram sabendo da intenção dos parlamentares de elevarem seus próprios salários. "Foi transparente, sim", afirmou.