Há cerca de um ano, a Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) determinou a retirada das barracas da feira do centro da cidade, entre as ruas Espirito Santo e São Paulo, durante as manhãs de quinta-feira. A mudança visava transferir todos os feirantes para a rua Alagoas, afim de melhorar o trânsito na região.
Na época, a medida revoltou os comerciantes, que tentaram argumentar com a administração municipal sem sucesso.
Quase um ano depois, a mudança continua incomodando os feirantes, que afirmam ter perdido a clientela e aumentado o prejuízo. De acordo com a comerciante Sonia Aparecida da Silva, dona de uma barraca de frutas, o prejuízo acumulado chega a quase 60% das vendas. "Vamos supor que a gente tenha um prejuízo de R$ 200 por dia. Mas são quatro dias por semana, o que dá R$ 800 por mês. Depois da mudança, tive que deixar de fazer várias coisas. Pesou bastante no final do mês".
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Sonia conta que tentou argumentar com a CMTU, mas na época as informações eram desencontradas. "Cada dia falavam uma coisa. Um dia falaram que poderíamos voltar, chegamos lá e nos deram uma multa. O jeito foi pagar se não nos tiravam até o alvará".
A barraca de Sonia ficava na rua São Paulo, quase em frente a um hotel e lojas da região. "As pessoas vinham e compravam rapidinho. Hoje para virem até aqui levam cerca de 15 minutos. Elas desistem".
A mesma reclamação acontece em outras duas barracas próximas, de verduras e arroz. Os feirantes afirmam que o faturamento caiu em pelo menos 50%. Lourival Abreu, dono da barraca de arroz, conta que na época a CMTU chegou a garantir que seriam 90 dias de teste, mas que nunca mais houve contato. "Eles falam que lá passa muito carro, mas aqui também passa. E essa rua dá acesso aos hospitais próximos. Não dá pra entender", explicou Abreu.
A maioria das barracas que ficavam na rua Espírito Santo e São Paulo foram transferidas para o final da rua Alagoas, o que segundo os comerciantes dificulta ainda mais as vendas. "Como tem uma subida na rua as pessoas acabam desanimando e indo só até a metade da feira. São muitas pessoas idosas com carrinhos pesados que não querem subir a rua", exemplificou Sonia.
Os feirantes garantem que a queda nas vendas acontece somente na quinta-feira, e por isso culpam a mudança do local pelo prejuízo. "No domingo, quando a gente monta no lugar antigo e nas outras feiras da cidade o movimento é o mesmo", garante o comerciante da barraca de pastel, José Roberto Peitl. Segundo ele, antes da mudança a barraca vendia cerca de 800 pastéis em uma quinta-feira. Hoje não passa dos 500.
A situação é pior ainda para Antonia Tomiko Shuha, de 60 anos de idade dona da barraca de flores há 30 anos, onde as vendas caíram 90%. "O lugar ficou muito ruim. Minha barraca é a última da feira. Tem muitas barracas de flores antes e estou longe da entrada do cemitério, por isso quase ninguém chega até aqui".