Ambientalistas estão estudando as medidas judiciais cabíveis para impedir a construção da Usina Termelétrica de Conversão de Fertilizantes e Energia Elétrica do Paraná (Cofepar), em Araucária, na Região Metropolitana de Curitiba. As ações estão sendo comandadas pelo Fórum contra a Poluição - que reúne entidades ambientalistas, sindicatos, associações de moradores, grupos de escoteiros e setores da igreja de Curitiba e Araucária (Região Metropolitana).
Uma das medidas, será no sentido de anular a decisão da Assembléia Legislativa, que aprovou na noite da última quarta-feira, o projeto de lei do deputado estadual Valdir Rossoni (PTB), autorizado a construção da usina.
"De quem já vendeu a Copel, pode-se esperar de tudo", desabafou a presidente da Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária, Lídia Lucaski, lembrando que os deputados que aprovaram o projeto sequer conhecem os argumentos técnicos contrários à construção da usina.
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Desde que a Petrobras, Ultrafértil e a empresa norte-americana Public Service Enterprise Group (PSEG) divulgaram a intenção de construir a termelétrica em Araucária, as entidades vêm se mobilizando. O assunto foi levado ao Ministério Público do Meio Ambiente e Ministério Público Federal, sendo que ambos posicionaram-se contrários à obra.
O Fórum também realizou um seminário aberto à comunidade de Araucária em 21 de abril, além de arrecadar dinheiro junto à população para custear uma auditoria feita por técnicos da Universidade de Campinas (Unicamp). O laudo, que concluiu que Araucária possui clima e relevo impróprios para a construção da termelétrica, foi entregue à Comissão do Meio Ambiente da Assembléia, junto com um abaixo-assinado com mais de 30 mil assinaturas contrárias.
Zuleica Nycz, da Liga Ambiental, também reagiu com indignação à decisão da Assembléia. "A construção da Confepar significa que mais uma vez nós vamos pagar a conta - já que os recrusos para construção vem do BNDES -, os estrangeiros vão levar os lucros - já que a principal acionária é uma empresa norte-americana - e nós, de Araucária, é que ficamos sem saúde", disse.
Zuleica lembrou, ainda, que a termelétrica prevê o uso de grande volume de água. Para operar a termelétrica, serão retirados 31,5 milhões de litros de água por dia da represa do Rio Verde, quantidade suficiente para abastecer uma população de 340 mil pessoas por dia. "Não faz sentido usar a água que poderia abastecer a população para gerar energia que o Paraná nem precisa".
Para a promotora do Meio Ambiente de Araucária, Stella Maria Flores Floriani Burda, "com certeza" a decisão da Assembléia vai gerar uma medida judicial. Mas ainda é necessário estudar com o Fórum, Promotoria do Meio Ambiente e com a Procuradoria Regional da República quais as medidas mais adequadas. "Nós já temos os estudos técnicos que podem basear o pedido contra a construção", informou. De acordo com o procurador do Meio Ambiente Sérgio Luiz Cordoni, o órgão deve solicitar, antes, informações do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) a respeito dos documentos complementares sobre impactos ambientais que as empresas ficaram de apresentar.