Um asilo clandestino que abriga seis idosas na Rua Gabriel Ferreira Filho, bairro Uberaba, em Curitiba, pode ser interditado pela Vigilância Sanitária ainda hoje. A proprietária do local, Maria Sandoval já havia sido intimada pelo órgão há três meses, mas se recusou a receber o documento.
A irregularidade foi constatada hoje, quando os deputados da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, padre Roque Zimermann e Marcos Rolim (ambos do PT), promotora do Ministério Público Estadual Rosana Beraldi e coordenadoras da Vigilância Sanitária vistoriaram asilos de Curitiba. As vistorias pelo interior do Estado terminam no sábado. Nesta sexta-feira, serão visitados pela comissão os abrigos de Londrina.
Maria Sandoval tentou esconder da comissão, Maria do Rosário, que aparentava quase 80 anos, e Idinez de Oliveira, de 92 anos. Ambas não podem andar e vivem acomodadas em camas. O cenário era desolador: pálidas e cadavéricas, a impressão que se tinha era de que estavam abandonadas. O quarto delas fedia. Idinez estava deitada sobre a cama molhada de urina.
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"Me dá uma banana. Estou com muita fome", disse Maria do Rosário quando a comissão adentrou o quarto. "Ela está com sequelas no cérebro por conta de acidente vascular. Idinez tem desidratação, desnutrição e suspeita de bronquio-pneumonia. Temos que removê-las daqui o quanto antes", disse o geriatra Maurílio José Pinto ao examiná-las.
"O poder público tem que ser responsabilizado pelas condições em que se encontram essas mulheres", afirmou padre Roque. Esta casa não tem condições arquitetônicas adequadas nem pessoas habilitadas para abrigar idosos, acrescetou ele. "Precisa ser imediatamente interdiata", concluiu. Apenas Maria Sandoval e a filha cuidavam das idosas. Cobram R$ 300,00 por mês dos familiares das mesmas.
"Não suporto morar neste lugar. Já tentei me suicidar várias vezes. Quero que minha filha venha me buscar", reclamou Neuza Monteiro, de 72 anos.
Curitiba tem 82 asilos cadastrados na Vigilância Sanitária e um grande número de casas clandestinas. Vinte deles estão sendo investigados pelo Ministério Público por denúncias de irregularidades. Segundo a coordenadora do Centro de Apoio e de Defesa dos Direitos dos Idosos, a promotora Rosana Beraldi, as principais são maus tratos e falta de condições adequadas para abrigar os idosos.