Em meio à dor de perder o filho único, a família de um bebê de três meses de idade resolveu dar esperança de vida a outra criança através da doação de órgãos. O bebê tornou-se o doador mais jovem do HUOP (Hospital Universitário do Oeste do Paraná), onde a cirurgia de captação foi realizada. Os rins do bebê foram encaminhados para o Rio Grande do Sul, para serem transplantados em uma menina de 2 anos de idade.
A Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do HU acompanhou todo o processo de doação, desde a realização do diagnóstico de morte encefálica, conversa com a família do doador e captação dos órgãos. Segundo os médicos que atenderam o caso, o bebê teve morte encefálica por conta de uma parada cardíaca causada por perda acentuada de líquidos.
O secretário de Estado da Saúde, Antônio Carlos Nardi, lembra que toda doação de órgãos precisa ser autorizada pela família, por isso, a sensibilidade das equipes de saúde se torna crucial. "A conversa da família com a equipe de saúde sobre a possibilidade de doação acontece num momento de dor extrema. Mas nossos médicos e enfermeiros do Sistema Estadual de Transplantes têm tido o preparo e empatia necessários para explicar a possibilidade de salvar vidas por meio da doação", diz Nardi.
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Compreensão
Em entrevista à imprensa, a mãe do bebê doador, Cíntia da Silva, disse que a decisão de doar os órgãos do filho foi motivada pelo desejo de ajudar mães que passam pela dor de ver um filho sofrendo. Segundo ela, o ato de tornar-se mãe a fez ter uma compreensão melhor da vida e do mundo. "A gente sente a dor de outra mãezinha que está esperando uma ligação [da Central de Transplantes] para poder ajudar a criança. No caso do meu filho não tinha mais o que ser feito, mas por que eu não poderia ajudar outra mãe que está sofrendo?", disse.
Solidariedade
O Paraná é o Estado brasileiro com maior índice de doações de órgãos por milhão de população. Enquanto a média nacional é de 17,5 doações por milhão de habitantes, no Paraná esse índice chegou a 49,2 em 2018. De janeiro a setembro deste ano, 468 famílias autorizaram a doação de órgãos de seus familiares e 418 destes resultaram em doações efetivas. Como cada doação pode beneficiar mais de um paciente, o número de transplantes realizados no Estado é bem maior, chegando a 722. Além desses, foram realizados ainda 636 transplantes de córneas no Paraná.
"O Paraná é exemplo para o Brasil e para o mundo em doação de órgãos. Nossa população é solidária, cada vez mais consciente da importância da doação, e contamos com um Governo sensível, humano, que tem investido para que o Sistema Estadual de Transplantes esteja cada vez melhor estruturado", finaliza o secretário.
Campanha
Para ser doador de órgãos não é necessário deixar nada por escrito, mas sim avisar seus familiares sobre o desejo de doar. "No momento da morte, são os familiares que autorizam ou não a doação. Por isso divulgamos sempre a campanha Doação de Órgãos, Fale sobre isso, um alerta para que o assunto seja discutido em família, o que vai facilitar a decisão quando for necessário", explica a coordenadora da Central Estadual de Transplantes, Arlene Badoch.