Os catadores de papel temem ser prejudicados com a implantação do consórcio de lixo formado por municípios de Curitiba e região metropolitana, prevista para 2003. O assunto foi debatido em uma audiência pública intermediada pelo Ministério Público.
"Se perdermos o pouco que ainda conseguimos com o papel, o jeito é virar marginal", disse a carrinheira Marilza Aparecida de Lima, 30 anos. Ela e o marido ganham cerca de um salário mínimo (R$ 180,00) por mês para sustentar 13 pessoas, que moram na mesma casa na Vila Parolim, área de invasão em Curitiba.
Para o representante da Comissão Nacional dos Catadores de Papel no Paraná, João Maria da Silva, o consórcio não deve ser colocado em prática. "O que se deve fazer é investir nos carrinheiros. A prefeitura deveria dar aulas de trânsito e fornecer uniformes. Catador de papel tem que ser reconhecido como profissão." Silva estima que só em Curitiba e região metropolitana existam cerca de 12 mil pessoas que vivem da coleta de materiais recicláveis.
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A preocupação dos catadores é que com o consórcio a situação fique ainda pior. "Já perdemos cerca de 70% do nosso papel com o 'lixo que não é lixo'." Para a procuradora do Trabalho, Margaret Matos de Carvalho, se os catadores não forem incluídos no sistema do consórcio "pode-se criar um problema social sem controle."
A superintendente de Controle Ambiental da Secretaria do Meio Ambiente de Curitiba, Marilza Dias, afirmou que o consórcio não irá prejudicar o trabalho dos catadores. "O novo modelo irá incentivar mais a separação do lixo e a entrega desse material para o coletor. A empresa que se candidatar ao consórcio terá que se comprometer com programas sócio-ambientais."
O consórcio do lixo foi formalizado em setembro e será formado por Curitiba e mais 13 municípios da região metropolitana. A empresa que for escolhida irá administrar a coleta, o transporte e a destinação do lixo a partir de 2003.