A Delegacia de Homicídios tem quase certeza que houve triplo homicídio, seguido de suicídio no crime que envolveu o casal de namorados: o serralheiro, Amauri Vitorino Fra, 33 anos, e a funcionária do Tribunal Regional do Trabalho, Glaciane Aparecida Cesar, 35 anos. Na tarde do último domingo, familiares de Glaciane a encontraram morta, junto da filha - Aline Pereira Cesar, 8 anos - e Andressa Fra, 6 anos, filha de Amauri Fra. Todas levaram um tiro na nuca.
Para o delegado da Homicídios, Miguel Stadler, uma carta encontrada na casa de Amauri ajuda a comprovar que o serralheiro teria premeditado o crime para depois se suicidar. O delegado não descarta a possibilidade de que Amauri teria sido influenciado pelo caso do Juizados Especiais Cíveis e Criminais. No último dia 05, o vigilante desempregado Pedro Graciano da Silva atirou contra sua ex-mulher, Letícia Cristina, feriu outras três e manteve três como reféns, dentro do tribunal.
Stadler disse que Amauri estaria sofrendo forte pressão de credores de Salto do Lontra (Sudoeste do Estado), onde tinha uma empresa que faliu. Além disso, sua ex-esposa, Santina Fra, o obrigou a pagar a pensão familiar da filha Aline que estava atrasada. De acordo com o delegado, o serralheiro também estava "transtornado porque descobriu que Glaciane havia saído com amigos em noite anterior ao crime", disse.
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No bilhete, deixado para a ex-esposa, Santina Fra, o serralheiro assinala o horário das 20 horas de sábado. "Foi nesse horário que ele conversou com Glaciane querendo marcar um almoço no dia seguinte", disse. Eles iriam para um restaurante e depois a um show musical.
No domingo, Glaciane saiu de sua casa, acompanhada da filha, o filho P.P.C. e o sobrinho P.C.S., ambos de 14 anos. Chegaram na casa de Amauri, instalada nos fundos da serralharia. O serralheiro havia comprado buquês de flores com cartões. No cartão endereçado a Glaciane estava escrito "minha eterna namorada".
Quando Glaciane chegou na casa de Amauri, o serralheiro deixou entrar apenas as mulheres, pedindo para que a filha dele, Andressa, bloqueasse a entrada dos dois meninos. Três minutos depois, os dois meninos ouviram tiros e encontraram todos mortos.
Laudos dos institutos de Crimalística e Médico Legal devem apontar ser existia outra pessoa na hora do crime.
Caso raro
O delegado Miguel Stadler, da Homicídios, disse que casos como o de Amauri Vitorino Fra são raros. De acordo com ele, anualmente, são registrados no Paraná uma média de dois a três casos de assasinatos de familiares seguido de suicídio.
Stadler disse que diversos fatores influenciam nesse tipo de assassinato. Na avaliação dele, pressões sociais, desajustes financeiros (dívidas) e, principalmente, possessividade e ciúmes levam uma pessoa explodir, a perder o equilíbrio e controle social.
Para Miguel Stadler, o caso de Amauri Fra não foge à regra. Segundo ele, a carta encontrada na casa do serralheiro - que aponta a possibilidade de triplo homicídio, seguido de suicídio - indica que ele estava emocionalmente desequilibrado.
Trechos da carta:
"A Graciane, adeus. A Aline e Andressa, adeus. Vamos partir todos para um mundo melhor..."
"...as pessoas que gostam de mim, não estou louco, por isso não me julguem mal..."
"Estou com a idade que Jesus Cristo tinha quando morreu..."
"Por favor, me perdoem porque fiz... não agüento mais...".