Com o apoio maciço da mídia, a próxima edição do Rock in Rio vai virar produto de primeira necessidade para milhares de brasileiros. À sombra da festa, porém, um grupo de roqueiros quer mostrar seu descontentamento com um festival à parte, que também será realizado no Rio de Janeiro. Três bandas curitibanas participarão do evento, a Dalilla, Samantha e Jailor.
A chiadeira não vem de um único núcleo - há informações de que vários eventos estariam sendo organizados na cidade e, para não pulverizar os espetáculos, seriam todos reunidos num único show. A revolta dos descontentes deve-se ao solene desconhecimento dos organizadores do Rock in Rio sobre aquilo que se produz no Brasil. Não há espaço para as bandas que batalham um lugar ao sol, mas desvirtuamentos como Sandy e Júnior.
"É o Pop in Rio", ironiza Gustavo Brito, guitarrista do grupo Dalilla, de Curitiba. "Não tem aquele punch do rock`n`roll mesmo, que é ser contestador, ser político. Então é mais ou menos essa briga que o pessoal está fazendo". Se depender dos ânimos do pessoal, o "off-festival" seria montado na própria Cidade do Rock do Rio. Outro endereço é a Praia de Botafogo.
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Se as autoridades vetarem qualquer tipo de protesto, aí a data transfere-se do dia 18 para a segunda semana de fevereiro. De qualquer modo as bandas de Curitiba estão confirmadas na programação. Dois nomes famosos prestigiarão o acontecimento: Rappa e Planet Hemp.
O guitarrista aponta um problema comum que atinge a área artística tanto lá quanto cá: o clássico jabá. A mídia trabalha de acordo com o dinheiro que recebe por fora, e assim, quem não tem, fica fora da programação de rádio e TV.
"Temos emissoras de rádio locais que se não rolar uma grana, não tocam". Acontece até de casas noturnas cobrarem da banda que vai fazer abertura de show importante. "Rola propina por todo lado", diz. "Tem muita gente tentando lucrar em cima dos que ainda não têm - fazem a gente tirar do bolso para entrar na mídia", acrescenta Sonee, baterista da banda Jailor. Segundo Brito, a preferência atinge também os jornais.
Um disco lançado recentemente pelo Bill"s Bar - CD Coletânea Bill"s -, com 13 bandas curitibanas, uma de Ponta Grossa e outra de São Paulo, sofreu resistências das emissoras de rádio. Em certos programas foi tocado "à meia-noite de segunda-feira".
Sonee observa que no Rio Grande do Sul tem um programa de televisão voltado às bandas roqueiras. Vai ao ar aos domingos, ao meio-dia. "Enquanto a gente tem "Caldeirão do Huck" nesse horário, lá existe essa opção". Por sua vez Gustavo Brito reclama que em Curitiba os meios de radiodifusão ignoram a lei que determina 15% da programação comercial para a execução de músicos locais.
Coletânea
O CD Coletânea Bill`s, que entre seus participantes tem as bandas Dalilla e Jailor teve prensadas mil cópias. Metade desse lote já foi vendida, mas é preciso chegar aos 700 para zerar a dívida e o restante será lucro, direcionado a um novo trabalho. A diversidade sonora é a marca deste disco.
O guitarrista do Dalilla saiu à luta para distribuir o disco - deixou o óbvio circuito do Largo da Ordem para oferecer o produto a quem está de passagem na estação rodoferroviária de Curitiba. O preço é acessível: custa R$ 5,00. Ele ironiza ao comentar que as gravadoras colocam no mercado milhares de CDs a preços que giram em torno de R$ 30,00. "Nós vendemos a R$ 5,00", diz.
"Nossa coletânea está com uma variedade grande, com todos os caminhos do rock. Para a próxima a gente quer dar mais atenção à qualidade, com um projeto mais uniforme, todas as bandas tocando num mesmo estúdio", planeja. A coletânea está à venda também no próprio Bill`s (Rua São Francisco, 332 - Largo da Ordem), ou pode ser encomendado com Gustavo, pelo telefone 9908-1911.
O músico avisa que a casa, espécie de oásis para os roqueiros, cadastra os grupos interessados em se apresentar ali, às quartas-feiras, das 19 às 21 horas. As informações colhidas são levadas também para o site que o bar mantém na Internet - rockbrazil.com.br - para divulgar o trabalho desses artistas. Agendas de shows, lançamentos de demo, propaganda, anúncios, tudo cabe ali.