A polêmica sobre a retirada - ou não - da criação de 400 porcos na Colônia Penal Agrícola, situada em Piraquara (Região Metropolitana de Curitiba), deve persistir por pelo menos mais 20 dias. É este o prazo dado pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para que a unidade penal pague uma multa de R$ 5 mil por não ter retirado os suínos da área ou entre com recurso contra a penalidade.
A coordenadoria da Colônia e direção do Departamento Penitenciário do Estado (Depen), no entanto, ainda esperavam um contato com técnicos do IAP para apresentar um projeto que permitiria a manutenção da suinocultura na região.
A retirada dos suínos foi determinada pelo IAP em agosto por estar contaminando a represa do Iraí - responsável pelo abastecimento de água de 70% da população da Grande Curitiba. Segundo a assessoria de imprensa da Sanepar, que está coordenando um conjunto de 33 ações de despoluição da represa, a empresa está aguardando uma solução para o impasse o mais rápido possível.
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A eliminação de pontos de lançamento de esgoto dentro da represa é ação prioritária da Sanepar, uma vez que os resíduos orgânicos são a principal fonte de nutrientes para a proliferação de algas no lago. Estas algas, chamadas de cianofíceas foram a causa das alterações de cheiro e gosto da água distribuída em Curitiba.
O engenheiro agrônomo Ednei Bueno do Nascimento, presidente da Câmara Técnica do Iraí (órgão de gestão da APA Iraí), não vê nenhuma possibilidade de se continuar com a suinocultura naquele terreno. "A Colônia está numa Área de Preservação Ambiental (APA) e os porcos vão contaminar a água de toda região", avisa.
Segundo a engenheira química, Ana Cecília Nowacki, da Diretoria de Estudos e Padrões Ambientais do IAP, os dejetos produzidos por um porco equivalem à produção de pelo menos 10 pessoas. Ou seja, os 400 porcos produzem dejetos equivalentes a uma população de 4 a 5 mil pessoas. É como se o esgoto de um município de 5 mil habitantes estivesse sendo despejado direto na represa. "É uma quantidade bastante razoável de resíduos orgânicos que vai poluir a represa", diz a engenheira.
Ela também descarta a hipótese dos animais serem levados para um local mais distante da represa. É que o excremento dos suínos têm grande quantidade de nitrogênio, substância que persiste no solo e, com a chuva, é carregada em direção à água. Na represa, o nitrogênio serve de alimento para as algas. "É preciso toda atenção no lançamento de efluentes de matéria orgânica na represa porque eles são o principal alimento das algas", avisa, lembrando que existem tipos de espécies de algas "com potencial extremamente tóxico".
Felizmente, não foi este o caso na represa do Iraí. Nas amostras de algas coletadas na represa, no início do ano, foram dedectadas apenas algas cianofíceas do tipo "geosmina", que provocam mau cheiro e gosto ruim, mas não têm toxicidade.