Lama galvânica, borra de tinta e diversos tipos de solventes, todos altamente poluentes, foram deixados a céu aberto em três depósitos em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba) num total de oito mil latões de 200 litros cada. Essas substâncias começam a ser retirada hoje, às 7 horas, por uma empresa especializada. A informação é do presidente do Conselho de Meio Ambiente de São José dos Pinhais João Teixeira da Cruz, que vai acompanhar o trabalho.
Os resíduos seriam provenientes de grandes empresas da Cidade Industrial de Curitiba e até de fábricas de outros Estados. Entre elas estão Volvo, Inepar, General Motors, SLC John Deere, New Holand, Perfipar, Valeo e Singer. Os latões eram retirados dessas indústrias pela empresa Recobem Indústria e Comércio de Tintas e Vernizes, terceirizada para o serviço e que reciclava o material.
Segundo Teixeira da Cruz, os rios Itaqui, Miringuava e Ressaca, todas na Região Metropolitana de Curitiba, receberam parte desse lixo tóxico. "A empresa Recobem faliu em 1995 e desde então os tambores estão abandonados a céu aberto, oxidando e vazando. Com as chuvas, esses resíduos misturam-se à água e acabam dentro dos rios e penetrando no solo. A situação é gravíssima", alerta.
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Cerca de 3,7 mil latões foram retirados dos depósitos. Os ambientalistas não sabem para onde foram transferidos. O restante será transportado pela empresa Transforma para uma fábrica de cimento, onde será incinerado e incorporado ao produto. "Além de não sabermos o que foi feito com o material retirado, também não sabemos para onde está sendo levado o resíduo industrial desde que a empresa faliu. A ordem de grandeza desse problema é comparável ao vazamento de Chernobyl, na Rússia", reconhece João Teixeira da Cruz.
A denúcia desse crime ambiental foi formalizada em 28 de fevereiro de 2000 no Conselho Municipal de Meio Ambiente de São José dos Pinhais. Em 29 de março, a Delegacia de Meio Ambiente confirmou a informação e abriu inquérito policial. Além dos latões encontrados a céu aberto, cerca de 264 metros cúbicos estariam enterrados, segundo informações de vizinhos dos depósitos. "Ainda não sabemos como esse material será retirado porque há necessidade de equipamentos especiais e funcionários especializados. No local há gases e o cheiro é muito forte. Temos, inclusive, a informação de que um rapaz teria morrido ao tentar abrir um latão, que explodiu derrubando o produto", conta o ambientalista.
Segundo o assessor de imprensa da Inepar, uma das empresas que estaria envolvida no problema, a diretoria não tem conhecimento desse lixo tóxico e há alguns anos não utiliza produtos que agridam o meio ambiente, mas de qualquer forma, daria uma posição oficial, hoje.
A Volvo, também citada, disse que contratava a empresa Recobem para retirar o material tóxico, que seria reciclado. Ao saber da falência pediu judicialmente a retirada dos tambores identificados como o nome da montadora. Outras empresas fizeram o mesmo, mas ainda sobraram muitos latões. As indústrias teriam se unido para providenciar a remoção total do produto.