O governo baiano pretende "fabricar" chuva para amenizar os efeitos da prolongada estiagem no Estado, que deixa 238 dos 417 municípios em situação de emergência e afeta, segundo a administração estadual, 2,7 milhões de pessoas. Segundo a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), os prejuízos causados pela seca, considerada a maior no Estado nos últimos 47 anos, ultrapassam R$ 100 milhões.
A Secretaria de Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária (Seagri) está finalizando os estudos, junto com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Estado (Inema), para o início da operação de indução de chuvas nas áreas mais castigadas pela seca, as regiões de Irecê, na Chapada Diamantina, e de Vitória da Conquista, no sudoeste baiano.
A tecnologia para a "fabricação" de chuva consiste em pulverizar, com uso de aviões, água potável em nuvens que estejam nas regiões, tornando-as mais densas e propensas à precipitação. Segundo a Seagri, o procedimento, criado no Brasil, não agride o meio ambiente e, além de diminuir problemas de abastecimento, ajuda na recuperação de nascentes. A técnica já vem sendo adotada, nos últimos anos, em fazendas particulares que atravessam problemas pontuais de fornecimento de água, com bons resultados.
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De acordo com o secretário Eduardo Salles, a ideia é iniciar a operação com um projeto-piloto nas duas regiões, ao custo de R$ 200 mil. A empresa ModClima está sendo contratada para realizar 12 horas de voos nas áreas. Caso a experiência tenha sucesso, o uso da tecnologia será ampliado para outras regiões do Estado.
Salles, porém, adverte que esta não é a época ideal para realizar o procedimento, porque há poucas nuvens nas regiões atingidas. A expectativa de haver chuva nas regiões afetadas com a adoção da tecnologia não passa de 40%. "Não queremos criar falsa expectativa, mas é uma experiência que não podemos deixar de fazer", justifica o gestor. "Neste momento, é importante tentar todas as alternativas possíveis".
Vitória da Conquista, terceiro município mais populoso da Bahia, com 310 mil habitantes, enfrenta, desde terça-feira), racionamento no fornecimento de água por causa da prolongada estiagem - há seis meses não chove consistentemente na região. A Barragem de Água Fria, que abastece a cidade, opera com a metade da capacidade e pode ficar seca até setembro, caso não volte a chover.
Para tentar garantir a manutenção do fornecimento de água, a Empresa Baiana de Águas de Saneamento (Embasa) iniciou um procedimento de interrupção intercalada de fornecimento, no qual metade da cidade recebe água por dois dias, depois fica dois sem receber, enquanto a outra metade é abastecida. Com o procedimento, a Embasa espera prolongar a capacidade de fornecimento da barragem até novembro.