A Copel está testando uma forma simples e criativa de proteger seus postes contra as colisões de veículos, um problema bastante antigo enfrentado por todas as empresas elétricas, que costuma trazer como consequência – além dos danos materiais à rede de distribuição – o desligamento das unidades consumidoras situadas nas proximidades.
Desde o final do ano passado, a Companhia vem instalando e monitorando os efeitos de proteções que minimizam os estragos causados pelo abalroamento das estruturas de sustentação das redes elétricas.
Essa proteção consiste em um tubo de concreto, cujo espaço interno é preenchido com areia grossa, colocado na base do poste. Isso proporciona um aumento na área de contato em caso de colisão, diminuindo a intensidade do impacto contra a estrutura.
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Eficiência dupla
Ao mesmo tempo em que serve para amortecer a pancada contra o poste, o engenho mostra ser eficaz também para os motoristas acidentados. Segundo registros da distribuidora de eletricidade do Ceará, onde essa proteção já vem sendo amplamente utilizada, os danos sofridos pelos veículos e pelos motoristas também foram reduzidos.
"Este sistema parece ser o ideal, porque a areia ajuda a absorver os efeitos do impacto e protege, ao mesmo tempo, o poste e os ocupantes do veículo", observa Maximiliano Andrés Orfali, gerente de Operação, Manutenção e Desempenho do Sistema Elétrico da Copel.
Testes
Mais de 2 mil postes são abalroados por veículos todos os anos no Paraná, o que resulta numa média de seis estruturas danificadas por dia. Só na região norte do Estado, por onde a Copel está dando início à experiência, foram quebrados em acidentes de trânsito 562 postes durante o ano de 2009.
Além do prejuízo financeiro decorrente da substituição e reposição das estruturas, equipamentos e acessórios danificados, essas ocorrências também causaram interrupções no fornecimento de energia a cerca de 250 mil domicílios. A expectativa com a instalação desse tipo de proteção é de que os postes não sejam danificados em até 90% das colisões.
Os abalroamentos por acidentes de trânsito são responsáveis por 80% das quebras de postes da Copel. O custo médio para restaurar o funcionamento da rede elétrica a cada poste abalroado gira em torno de R$ 1,2 mil, valor que é cobrado do responsável pelo acidente. Esse cálculo leva em conta os custos de reposição do material danificado, de deslocamento e da mão-de-obra necessária para os reparos.
Em Siqueira Campos, uma das cidades onde o protetor de postes está sendo testado, a medida já se mostrou efetiva evitando a quebra de um poste e o desligamento de uma rede elétrica que atende a mais de 2 mil domicílios. Apenas o tubo de concreto foi danificado com a colisão de um veículo – que acabou se evadindo do local. O mesmo aconteceu no início de fevereiro em Apucarana, quando um acidente ocorrido próximo ao lago Jaboti poderia ter provocado o desligamento de 1,5 mil domicílios. Graças à proteção instalada, não houve danos à rede elétrica.
Postes "estratégicos"
No Paraná, por enquanto a novidade está sendo testada em quatro cidades da região Norte. Em Apucarana, a 50 quilômetros de Londrina, estão sendo instaladas proteções em 47 postes identificados como "estratégicos" na cidade.
Em Siqueira Campos, Wenceslau Braz e Ibaiti, foram protegidas 12 estruturas, localizadas em pontos com histórico de acidentes envolvendo quebra de postes. Os testes devem ser estendidos em breve à cidade de Bandeirantes.
Já em Londrina, onde é registrado o maior índice de abalroamento de postes por habitante no Estado, a Copel selecionou 20 locais para receberem a proteção, mas a sua implantação depende de autorização da Prefeitura Municipal.
A idéia é instalar a proteção em locais considerados estratégicos, como avenidas movimentadas e em postes que são atingidos com alguma freqüência. De acordo com o gerente da Divisão de Controle de Qualidade da Copel em Londrina, João Geraldo Bersi Filho, os casos de recorrência são comuns. "Isso gera prejuízo não só para a empresa, mas prejudica todos os moradores do entorno, que acabam ficando sem eletricidade", explica. Ainda segundo Bersi, apesar de ter sido constatada uma diminuição dos casos após a entrada em vigor da Lei Seca, a maioria dos abalroamentos continua ocorrendo nos finais de semana.